Era ela o arauto das escolhas improváveis, pássaro sem asas que cruzava em vôo o infinito.
Dava cor aos jardins de flores secas regados com as lágrimas das suas próprias amarguras.
Era ela as pedras dos caminhos e encruzilhadas por onde desfilavam personas e personalidades, o receptáculo para as dores e derrotas, para sonhos desfeitos e desenganos.
Era ela a domadora dos anseios e das revoltas, a mão firme a segurar a corda rota das desesperanças.
O avesso, o lado B, o turbilhão que levanta a poeira do chão e obriga a multidão a esfregar os olhos e ver.
A andarilha dos trilhos obscuros que conforta e dá coragem aos bravos e aos covardes.
Era ela, ela é, será ela rastro de estrela a iluminar túneis e fulminar desassossegos, o alívio após o parto dos sentimentos, a anestesia encerrada na palavra, a chave para abrir cada caixa de Pandora privada e deixar ir as ansiedades.
A palavra cura!
Maria Beck Pombo