A cada sete dias ela entregava suas palavras para a alma de quem quisesse as acolher.
Compromisso que a obriga a um revisitar de memórias, a um ressuscitar de lembranças trancadas a sete chaves no seu íntimo.
Sentia o corpo pesar pelo cansaço que provoca tais viagens, embora alguns reencontros testemunhassem a sorte que tem em ter vivido tantos momentos dignos de exaltação, em ter cruzado o caminho de tantas pessoas especiais, em ter preenchido a sua trajetória de vitórias, mesmo quando as derrotas lhe acometiam.
É que sempre se ganha quando se aprende com os erros, essa é uma certeza que ela levará para a campa.
Mesmo com essa consciência a dor física não deixava de se alastrar, tomando conta da espalda, do pescoço, descendo pelo braço esquerdo até lhe roubar a força da mão.
Convenceu-se então que era hora de procurar alguma ajuda, e teve mais uma prova de que o Universo sempre conspira ao seu favor: caiu nas mãos de outra pessoa abençoada, num espaço onde não se cura as dores do corpo, mas também as da Alma.
Enquanto tinhas suas lesões físicas tratadas pelas mãos habilidosas da terapeuta, tinha também a dor das feridas do espírito amenizada através das palavras, exatamente como ela crê que a evolução humana vem através delas.
A cura para o malefício da moralidade, que nos obriga a sentir o remorso, a culpa, a raiva. Que cabresteia os nossos sentimentos e nos julga quando decidimos pela ética sem olhar a quem, entendendo que cada qual escolhe o seu caminho e colhe o que planta.
Quando se confia no instinto e aceita o destino se anda sempre no bom caminho!
Maria Beck Pombo
