Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Abre cancela!

Turistando Lendas e Lugares – Abre cancela!

Opinião | 29 Dezembro 2023

 

De sobressalto acordara daquele infame pesadelo: debatia-se frente a frente com o inimigo que empurrava contra ela os portões, demarcando o território impenetrável.

Bem sabia ela que, por detrás deles, não restara tesouro algum, apenas os destroços roídos pela ferrugem daquilo que dantes reluzia tal qual ouro.

Aquele fora um ano de grandes lutas…

De lutas pacíficas que trouxeram conquistas, sem sacrifícios, e de sacrificantes guerras que derrotavam, dia após dia, a sua vontade.

Fora um ano em que das trevas retirou a iluminação buscando despertar o que havia de melhor em si pois do veneno estava farta.

Farta de engolir o fel, dela e do outro. Farta de sentir a balança da justiça pender para o lado lá, injustamente…

Durante esse ano colhera o trigo que plantara e o joio que foi plantado em seu nome e seria hipócrita afirmar que não guardava dentro dela o desejo de enviar aquilo que não era seu, em triplo, para quem o semeara, mas antes disso percebera que o joio também é adubo para a terra e, dessa forma, pacificou o coração.

É que às vezes a revolta e o desejo do revés que habita o ego de todo o ser humano se apoderava dela também, mesmo que buscasse incessantemente a evolução.

Às vezes perguntava à sua terapeuta, em tom de brincadeira, enquanto deixava escapar maledicências: “O que será do mundo se eu evoluir tanto assim? Um lugar menos divertido, com certeza!” e fazia ecoar entre as paredes do gabinete a sua gargalhada incombustível.

Sabia que não podia combater todas as trevas do seu universo pois ele é a soma de todas as coisas.

Daqueles que primam pela luz e dos que primam pela sombra, todos fazem parte do equilíbrio desse desequilibrado mundo em que vivemos.

Saber que um ano novinho em folha se aproximava a preenchia de esperança, ainda que soubesse que ele não era um portal mágico por onde ela pudesse passar, nua em pêlo, deixando a pesada bagagem do outro lado. Mas sentia que era um ano de grandes libertações, de grandes mudanças, pois estava pronta para deixar ir tudo aquilo que lhe magoava e açoitava o espírito.

Assim é e assim será: um ano onde nos aproximaremos do eixo da roda da fortuna, sentindo menos os efeitos do seu giro. Onde a estabilidade e a paz tão desejada começará a fazer o seu ninho e oferecerá conforto aos maltratados corações.

Que venha 2024 e abra as cancelas para a realização de sonhos, para o expulsar dos demônios, para a cura das feridas do corpo e dos males da alma!

Feliz novo ano!

Maria Beck Pombo

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