Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – A verdadeira grandeza

Turistando Lendas e Lugares – A verdadeira grandeza

Opinião | 12 Abril 2023

 

De poucas coisas na vida ela tinha a certeza.

A primeira: da Morte e depois a vontade, e porque não dizer a necessidade, em fazer ser conhecidas as suas palavras de uma ponta a outra do universo.

Um desejo megalómano, sem a mais absoluta dúvida, mas estava certa de que isso era importante, vital, ainda que não alcançar esse objetivo não lhe roubasse a vitalidade.

A questão é que durante toda a infância vira filmes de contos de fadas demais, onde tudo “caía do céu” nas mãos das princesas que ela sonhava ser: príncipes, castelos e “felizes para sempre”, tudo isso com a redundante recompensa por terem nascido belas, inteligentes e em berços de ouro.

Ah, o facto de portarem bons corações também eram pré-requisitos à felicidade eterna, verdade seja dita.

Entretanto ela não era uma princesa, sua beleza não arrebatava olhares, nascera em um berço de ouro em um quarto coberto de ferrugem, mas bom coração e uma certa inteligência tinha, isso não era de se questionar.

Ainda que consciente de tudo isso não conseguia deixar de almejar o sucesso fácil, o abdicar de se auto-publicitar nas redes que mais a aprisionavam que engajavam os outros a partilhar das suas experiências.

Dentre tanto lixo, por muitas vezes, encontrava partilhas geniais e tão ignoradas quanto as dela, tornando claro o gosto do ser humano pela futilidade, pois o cotidiano se tornou coisa pesada demais para se pensar acerca, ao menos para os que não conseguem enxergar a beleza das coisas ínfimas, mas essenciais.

Bem tentava evitar a comparação, todavia o Medo começava a tomar conta e os antigos questionamentos, da época em que era ainda uma guria perdida entre as páginas de autores de renome, gritavam aos seus ouvidos: porquê serias tu a ser ouvida?!

E os dedos indicadores apontados à sua face a diminuíam lentamente a fazer com que se sentisse uma formiga.

Cair entre as frinchas da irrelevância, isso é o que ela não queria! Contudo lembrou que até mesmo uma simples formiga tem papel significativo no mundo, decompondo a matéria e nutrindo a vida.

E, espantosamente, percebeu que ela era justamente isso: uma formiga! E isso fazia dela tão importante quanto os autores renomados que ela almeja um dia ser, pois decompunha diariamente frases de modo a nutrir os pensamentos e sentimentos alheios, para que atentem para o verdadeiro significado da vida: viver!

Nas pequenas coisas reside a verdadeira grandeza!

Maria Beck Pombo

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