Bom dia, senhora que eu não conheço e que não me conhece de lado algum.
Notícias minhas pretendes e posso dizer que me sinto leve, tranquila, fantástica!
Curei-me de um tumor que ganhava espaço dentro de mim há longos anos…
Foi-me arrancado, há poucos dias, sem internação ou anestesia, e confesso que o vazio que deixou, companheiro de longa data, até me perturbou no momento.
Bom dia, senhora que eu não conheço e que não me conhece de lado algum.
O tumor que crescia dentro de mim me obrigava a crescer também, para que eu pudesse abrigá-lo, acolhê-lo, confortá-lo.
Desatei as amarras, livrei-me dos preconceitos, dos rancores, de outros desamores…
Do medo da morte certa, pois ela viria e, afinal, sendo eu o abrigo do tumor que me invadia, não estaria sozinha quando ela me viesse beijar.
Fui me vestindo de mim mesma, aprendendo a transmutar defeitos em virtudes, conhecendo-me internamente…
Tomando consciência de cada espaço e sentimento que eu abrigava, já que assim o exigia o tumor que dentro de mim crescia.
Bom dia, senhora que eu não conheço e que não me reconhece de lado algum.
Hoje me sinto gigante e preenchida de mim.
Porque o tumor que no meu interior se alastrava deixou um espaço imenso, que foi inundado pela Imensidão de tudo que eu cultivei pela necessidade de lhe dar espaço.
O tumor que crescia em mim exigiu que eu encontrasse a minha verdade, e hoje sou eu Verdade Absoluta de mim mesma!
A expressão daquilo que represento de mais genuíno e único.
Senhora que eu não conheço e que não me conhecia de lado algum.
Agradeço o interesse pelo meu desabafo.
Entrego-te esse tumor que se expandia dentro de mim e que pertence, hoje, à tua realidade.
Espero que ele liberte a ti como a mim libertou, que ele te imponha crescer, melhorar e, por fim, a te tornar Verdade Tal como A que sou agora!
Maria Beck Pombo
