Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – A resposta

Turistando Lendas e Lugares – A resposta

Opinião | 3 Maio 2023

 

Sentada à mesa do café de costume contemplava o vai e vem dos carros que levavam passageiros apressados rumo aos seus destinos cotidianos.

Sentia toda essa pressa a palpitar em seu coração, cansado da urgência da vida que se esvaía a cada segundo sem encontrar descanso.

O mundo moderno a estafava, o corre-corre humano em busca de conquistas que dessem às suas vidas algum sentido, sem perceber que poder, simplesmente, abrir os olhos todas as manhãs e respirar por si próprios encerrava em si uma bênção sem tamanho.

Sentia-se só, mas não da forma como apreciava de estar. Sentia não ter par nesse universo de questões efémeras e relações vazias, desse teatro que as pessoas representam na intenção de suprir as suas carências com maquiagem, filtros, fantasias e mentiras que as levam para tão longe da Verdade.

Estava a poucos dias de completar quarenta e duas primaveras e no entanto ela, que sempre fora dada a celebrações, e que tinha tanto a celebrar, via-se a caminhar, míope, entre o limbo. Onde tudo era sombra e nada era tangível, e conhecia muito bem esse lugar.

Um buraco negro se abria em seu interior, engolindo a alegria, e o riso fácil que tinha tornava-se difícil de partilhar, os dias perdiam a cor e a água parecia benta a cair sobre a pele de um demónio: ardia!

Enquanto devaneava, acompanhada por essa Solidão que parecia não ter fim, ouviu a voz de uma mulher, com idade semelhante a dela, à pedir para partilhar da mesma mesa.

Trocaram algumas palavras e reconheceram uma na outra as mesmas aflições, os mesmos desejos e as mesmas satisfações.

O amor que ambas sentiam pelo que era real, pelas letras, por poder ler as palavras impressas em papel e a dificuldade em viver nesse mundo moderno recheado de incertezas.

Quando se despediram e a momentânea companhia seguiu o seu rumo, ela agradeceu a resposta do Universo aos seus questionamentos: afinal não estava sozinha.

Ainda haviam espíritos como o dela a vagar sobre essa terra, e isso abrandou o seu coração.

O sentimento de pertença retornou despacito enxotando a Tristeza e ela caminhou leve pelo caminho que a levava até a sua casa.

Lembrai-vos sempre: quando conversamos com o Universo, mesmo que apenas em pensamento, ele responde!

 

Maria Beck Pombo

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