Vou abrindo gaveta por gaveta...
Entre roupas antigas, cadernos e poeira eu busco, eu busco... eu me perco!
Eu derrubo as minhas máscaras e elas se partem uma à uma!
Até que não me reste atadura alguma sobre a face, apenas ela: nua e envergonhada!
As minhas bochechas se colorem de carmim, os meus lábios se contraem tornando cativas as palavras...
Repentinamente elas rompem as muradas dos lábios e... fim!
Acabam com qualquer tentativa de parecer menos infantil!
Apalpo o chão em busca de alguma fantasia que ainda me sirva (bem)...
Mas só encontro confete e serpentina!
E talvez alguns pedaços do meu coração negligenciados pela vassoura.
Sendo assim o que poderia eu fazer além de me mostrar?
Despida de qualquer vergonha ou razão...
Apenas como sou, sem brilho ou holofotes...
Sem tentar esconder as cicatrizes, os hematomas, a carne viva e pulsante...
Vê, estou aqui!
Podes olhar sem fingir que gostas do que vês, apenas olha com atenção!
Pois agora e neste lugar, neste momento e não além...
Sou apenas... eu!
Saber quem somos é imprescindível para crer na força que temos para aguentar os açoites da vida sem vergar!
Maria Beck Pombo
