Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – 13 verões

Turistando Lendas e Lugares – 13 verões

Opinião | 6 Setembro 2022

 

A lenha crepitava e imprimia no ar o cheiro da costela assada em fogo de chão.
 
Em torno da churrasqueira improvisada, uma dúzia de pais partilhavam as experiências que viveram com as suas crias, que se apinhavam no sofá a jogar videojogos, ignorando por completo o chamamento da natureza a ecoar pelo quintal. 

Volta e meia Ele dava o ar da graça e desfilava os longos cabelos cacheados, herança do avô paterno, indubitavelmente, que reluziam à luz do sol e pintavam a paisagem de dourado e o largo sorriso que era capaz de conquistar o Universo. 

Nesses momentos ela recostava-se na espalda da cadeira e admirava a criatura maravilhosa que colocara no mundo, sentindo orgulho de si mesma por tê-lo feito.

Bem sabemos que é defeito das mães enxergar sempre beleza na prole, mas ela tinha a certeza de que não era a única a ser sistematicamente encantada pela Dele, que não é apenas uma característica física marcante mas também qualidade do espírito que carrega.

Fechou os olhos e deixou-se remeter ao dia em que encontrara seu olhar pela vez primeira, há treze longos anos atrás quando, na maternidade Alfredo da Costa, uma enfermeira entregara em seus braços a pessoa que a ensinou o verdadeiro sentido do amor incondicional.

Amor é o seu nome, antes mesmo de se chamar Sebastian.

Amor é o nome que resume a essência de que é feito, com o dom de confortar corações e pacificar a alma alheia com um abraço ou um sorriso. 

O nome pelo qual a mãe O chama quando Ele esquece a essência em casa e veste a capa da personalidade arredia cosida com os retalhos do medo do abandono.

Quando ele quase esquece de amar e deixa que o rancor ganhe espaço no seu coração, armando-o com mil adagas contra o inocente.

É que até mesmo o Amor se dói e, em razão da dor, maltrata.

Nessas horas a mãe O pega pela mão e O convida para passear pelas memórias, pelos momentos que servem de testemunhas da imensidão do amor que Ela lhe dedica, pois reconhece nele a cura para a solidão que lhe exauria o espírito.

Aprendeu pelas mãos dele que era possível estar só sem jamais se sentir sozinha, pois em algum lugar do planeta há uma energia como a sua, pronta para espalhar pela atmosfera os melhores sentimentos e roga a todos os deuses que um dia ele também consiga partilhar dessa certeza, pois enquanto o coração pulsar no peito dela, Amor será o seu mantra e, por isso ser verdade, o nome Dele ecoará por onde quer que ela cavalgue, seja sobre cavalo xucro ou bem domado.

Nenhum tesouro pode ser mais valioso que o primeiro amor!

Maria Beck Pombo

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