Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares - No meu lugar

Turistando Lendas e Lugares - No meu lugar

Opinião | 13 Abril 2021

 

Há muitos anos atrás, quando eu era apenas uma guria que sonhava entre as páginas dos livros esquecidos nas prateleiras da biblioteca da escola, almejava mais do que tudo poder escrever para o jornal da minha cidade.

Diário Serrano, nascido em 1939, assim como a Segunda Guerra Mundial, mas, com a graça de todos os deuses, ao contrário dela, o jornal ainda perdura nos dias atuais e leva informação e entretenimento a um par de cidades limítrofes ao meu pago natal.

Lembro de ter uma prima, pouco mais velha do que eu, que tinha sua própria coluna, onde mantinha a sociedade jovem a par de todos os acontecimentos e eventos municipais e uma chance dessas realmente arrancava meus suspiros.

Imaginava-me a entrevistar personagens importantes da nossa pequena sociedade, e o meu rosto estampado em preto e branco nas páginas de papel acinzentado tão característico da época.

Entretanto, como sabemos, nem todos os sonhos podem ser realizados, e em 1995, aos catorze anos de idade, despedi-me de Cruz Alta rumo a Santa Maria e de lá para Portugal, doze anos mais tarde, e acabei por abrir meus horizontes para lá das letras impressas, sem nunca, todavia, apartar-me das palavras.

Nessa pátria, onde fiz querência, é que vi meu sonho de miúda realizado ao ser convidada para assinar minha própria coluna no Jornal A Voz da Póvoa, onde partilho as aventuras dessa prenda desgarrada do Rio Grande e aquerenciada nessas terras lusitanas que tanto amo.

Olvidei então a cidade onde nasci, a aspiração em escrever para o Diário Serrano, e toda uma série de coisas que olvidamos com o passar dos anos, umas por significarem tanto que nos despedaçam a alma, outras por significarem tão pouco que já não nos fazem mossa.

E acabei por aprender que os sonhos não morrem, transmutam. E levam-nos sempre para o lugar onde pertencemos de verdade.

 

Maria Beck Pombo

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