Sempre o cinema a convocar memórias, agora Al Pacino que aparece a dar corpo e alma ao sinistro advogado Roy Cohn, mentor pigmaliónico do fascista extremista (redundância?) presidente da nação fundadora dos princípios democráticos que regem a ainda maioria dos países…
Cohn, advogado de ricos célebres e poderosos, Trump um dos clientes, morreu de sida em 1986; homossexual nunca assumido, conselheiro do senador McCarthy na noite negra da caça às bruxas, muito contribuiu para condenar o casal Rosemberg à morte, casal acusado de transmitir segredos da bomba atómica aos soviéticos no após 2ª guerra mundial, pressionando testemunhas a sustentar a acusação. A falta de idoneidade deste causídico foi certificada pela Ordem dos Advogados ao expulsá-lo e acusá-lo de defraudar clientes.
Sendo homossexual perseguia-os ferozmente (“afinal talvez estivesse apenas a reprimir a sua própria propensão para praticar ilícitos” – Pedro Adão e Silva: O Chega, Foucault e a hipótese repressiva, em Público) além de supostos militantes comunistas da sociedade mais progressista americana, incluindo a lista negra de Hollywood. Um filme, com o nome do argumentista renomado Dalton Trumbo, retrata bem aqueles tempos de chegada das trevas que regressam com este presidente que a seu lado tem o homem mais rico do mundo a fazer a saudação nazi e a apoiar a extrema-direita alemã.
Recordo Al Pacino e os recorrentes pesadelos de Conh com Ethel Rosemberg (Meryl Streep) no filme – ou série? – Angels in America, a aparecer e a recordar-lhe a face negra deste homem, se isto era um homem…
The Aprentice é filme que Trump não quer ouvir falar pois revela-o em todo o seu “esplendor”.
Abílio Travessas