Quando o Papa Francisco disse que os animais não deviam fazer parte do presépio, esta representação natalícia ficou condenada, fazendo lembrar a queda da indústria chapeleira norte-americana quando John Kennedy deixou de usar chapéu. Para o Papa, o burro e a vaca não estavam no presépio e Jesus foi concebido pelo Espírito Santo. Afinal, que educação sexual e reprodutora se dá nas escolas tendo em conta esta conclusão papal? Está na moda as ornamentações natalícias retratarem manifestações festivas norte-americanas. Bengalas e chupa-chupas invadiram ruas, praças e espaços públicos. Será reflexo da hegemonia do complexo militar e industrial da pátria do Tio Sam? Estarão os governos a alisar o pelo a quem tantos países invadiu e tantos golpes de Estado promoveu? Afinal a Europa não tem exército. Se Putin resolver banhar-se em Nice…
O Natal na terra prometida nunca deixou o Jesus menino ao relento. As crianças ocupavam preocupações gerais. Com Gaza a ferro e fogo uma dúvida desponta: estamos a falar da terra prometida ou da terra comprometida? Quando Deus reservou a “terra prometida” convém não esquecer que essa faixa territorial engloba Israel, a Palestina, a Cisjordânia, e partes da Jordânia, Síria e Líbano. Quando relembro a fuga para o Egito de Jesus, Maria, o menino e o burrito fugindo da ira de Herodes uma imagem me entontece e ludibria. E as crianças de Gaza para onde vão? Estão a ser expulsas da terra perante o silêncio do chamado mundo civilizado.
Ademar Costa