Voz da Póvoa
 
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Rostos da Emigração

Rostos da Emigração

Opinião | 4 Abril 2020

No decurso dos últimos anos o acervo bibliográfico sobre o fenómeno migratório tem sido profusamente enriquecido com o lançamento de um conjunto significativo de livros que têm ampliado o estudo e conhecimento sobre a história da emigração portuguesa.

Um desses exemplos que asseveram a importância destas obras na análise e compreensão da emigração portuguesa, encontra-se vertido no livro “Rostos da Emigração” da autoria de Joaquim Tenreira Martins. Assistente social que durante largos anos trabalhou no Serviço Social e Jurídico da Embaixada de Portugal em Bruxelas – Secção Consular, onde prestou apoio a milhares de compatriotas.
 
Foi a pensar nesses milhares de emigrantes portugueses radicados no centro da Europa, que o autor escreveu em 2017 esse livro que conta com chancela da Editora Orfeu. Um misto de livraria e de editora, dirigida desde o final dos anos 90 pelo ativista cultural  Joaquim Pinto da Silva, e que tem sido o berço de várias obras preteridas pelos circuitos comerciais e que manifestamente têm importância para a nossa cultura e para a sua expansão.

A obra, na esteira do primeiro trabalho que escreveu sobre a emigração “Visages de l’Émigration Portugaise”, publicado em Paris, assume-se declaradamente como uma homenagem aos emigrantes portugueses, os mesmos que segundo Joaquim Tenreira Martins “nunca aparecerão nas manchetes dos jornais”, mas que têm sido ao longo dos anos uma força motriz do desenvolvimento socioeconómico das suas pátrias de origem e de acolhimento. Muitas das vezes sem o devido reconhecimento de ambas as pátrias, e em vários casos com trajetórias de vida marcadas por dificuldades, situações de precariedade, doença, desemprego, abandono e solidão.

Como salienta Maria Manuela Aguiar, antiga Secretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas, que assina o prefácio de “Rostos da Emigração”, o livro constitui “uma viagem ao interior do mundo da realidade migratória português, de alguém que alia a experiência de anos e anos de contacto com situações concretas, difíceis e problemáticas a uma grande sensibilidade para o sofrimento de pessoas inadaptadas, marginalizadas, e que possui também um conhecimento das regulamentações jurídicas, das burocracias dos países de acolhimento, dos contornos das questões sociais que se colocam com premência, e que exigem soluções adequadas”.

Daniel Bastos

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