Deve ser por isso que todos os dias a rádio pública e as televisões nos oferecem para o dia de amanhã, as regiões com mais ou menos possibilidades de arder tendo como referência as temperaturas, o calor, nunca os incendiários. Alertam para os perigos do uso de máquinas agrícolas, fogueiras, queimadas, cigarros na mão de negligentes e para o uso indevido de fogo-de-artifício nas festas e romarias. Há dias em que as autoridades proíbem mesmo o uso e qualquer abuso do atrás mencionado.
Mas, a realidade é bem diferente do noticiado. O foguetório é diário e em dias consecutivos em qualquer canto, aldeia, vila ou cidade por onde se celebram centenas de romarias nos meses de verão. A Protecção Civil, a GNR e outras autoridades com a incumbência de fiscalizar, multar e deter se for necessário, não precisam saber assobiar e olhar para o lado, precisam mais de ouvir e actuar, cumprindo a sua função.
Somos bombardeados diariamente no ecrã por chamas que não acenderam do nada nem das temperaturas, mas do calor dos fósforos de gente que se diverte enquanto outros arriscam a vida e perdem os seus bens. São muitas décadas com o país a arder com dezenas de vítimas a lamentar, com o crime a compensar. Quando a lei é branda os costumes mantêm-se. E isto só acontece porque o fogo é também um negócio.
Deixo-vos uma pequena reflexão: os investimentos em energia fotovoltaica, a praga dos painéis solares vão ocupar nos próximos tempos mais umas centenas de hectares de área florestal queimada.
Pablo Rios Antão, um poveiro filho da Galícia