Karl Marx sublinha repetidas vezes que a produção capitalista é hostil a certos ramos da produção intelectual, tais como a arte e a poesia.
Sim, arte e poesia, principalmente esta, situam-se em oposição ao capitalismo. Não nos referimos, claro, aos versejadores da corte e quejandos. Mas sim, a Camões, Shakespeare, Bocage, John Milton, William Blake, Rimbaud, Baudelaire, Lautréamont, Walt Whitman, Nietzsche, Antero de Quental, Sade, Maiakowski, Charles Bukowsky, àqueles que põem o próprio sistema em causa. A ordem burguesa e capitalista bem tenta puxá-los para o seu lado. No entanto, são incorruptíveis estes loucos divinos e até o próprio povinho os teme, tentando esconder-lhes as mulheres e as filhas. Contudo, eles andam por aí, desafiando os poderes e os polícias, bebendo, rindo, berrando nas ruas, afirmando, sem medos, que o Mundo é Nosso, e que não há Deus nem patrões.
António Pedro Ribeiro, Sociólogo, cronista, poeta e dizedor de palavras…