Costa relembrou a Marcelo que quem decide ou escolhe os membros do governo é o Primeiro-Ministro, por muito que se goste ou não. O contrário acontece nos sistemas presidencialistas, que não é o nosso. O professor Chefe de Estado e dos afectos, até pode desejar o melhor para o país, se assim é, ninguém entende que passe o tempo a ameaçar demitir quem venceu as eleições democraticamente e com maioria absoluta há pouco mais de um ano.
A prova de que as instituições funcionam democraticamente é a liberdade com a qual as oposições se exprimem em relação a matérias da governação, embora pouco se diferenciem uns dos outros porque a ânsia de chegar ao poder, a qualquer preço, é maior do que apresentarem-se como uma verdadeira alternativa que o, próprio, Presidente da República assumiu não existir.
É lamentável que a imprensa e as televisões agarradas a grupos empresariais poderosos com o lucro como único objectivo, se empolguem tanto com casos e casinhos deste ou daquele governante, e não façam o trabalho que lhe compete de forma isenta e quem sabe, explicar ao leitor/ouvinte/espectador os pecados e virtudes desta governação, de forma isenta e não baseada em interesses, incluindo os seus.
O problema, agora, foi o roubo descarado de um computador, que guardaria informações confidenciais da TAP, e que foi recuperado pelo SIS, sendo que a vontade é crucificar o Ministro das Infraestruturas em vez do larápio Secretário de Estado adjunto e agressor de funcionárias do ministério, mas já todos esqueceram a divulgação de informações confidenciais por um ou mais deputados da comissão de inquérito à companhia aérea portuguesa em órgãos de comunicação social.
Deixaria também um conselho ao líder da oposição que, não foi preciso nenhuma comissão de inquérito à Câmara de Espinho, onde o próprio foi presidente da Assembleia Municipal, para se saber quantos ajustes directos o seu escritório de advocacia recebeu nessa e noutras alturas.
“A Sociedade de Advogados Sousa Pinheiro & Montenegro (SP&M) de que Luís Montenegro foi sócio-fundador, obteve desde 2014 até Janeiro de 2022, um total de 15 contratos por ajuste directo de entidades públicas no valor de cerca de 679 mil euros, dez dos quais com as Câmaras de Espinho e Vagos. Luís Montenegro detinha então 50% do capital social da sociedade, tendo vendido a quota antes de ser eleito presidente do PSD, em Julho de 2022”. Noticiou o jornal ‘Público’ a 11 de Janeiro de 2023. Convém dizer que, é tudo legal, embora ser amigo e do mesmo partido dê um jeitaço. Quanto à decência e transparência, para alguns políticos da nossa praça, é sempre uma coisa que os outros devem ter.
Pablo Rios Antão
Caricaturas: António Jorge Gonçalves
