Deixem-se de patetices, ninguém nasce poeta. Convidem quem sabe escrever, enquadrar, rimar, no bairro não faltará. Todos sabemos que a paixão rima com coração, mas deixem-se de lamechices. Um certo sujeito tinha como verbo este predicado: se andassem por amor à camisola já se tinham separado há muito.
Não é caso único, há uma impotência quase colectiva dos observadores, aliás, cada vez nos vendem mais a ideia de elegermos o menos mau como se ninguém fosse bom ou estivesse preparado para liderar uma utopia. É uma forma de nos perpetuar em rebanho, cada um na sua casta, no seu território. Subjugam-nos a esperança à condição do deixa andar, que eles decidem tudo por ti.
Há quem diga que se tratou de um golpe de estado gratuito, eu diria que foi o acaso da premeditação. Afinal o suspeito que virou declarante tinha sido ameaçado, dois anos antes, que se fosse para a Europa o seu governo seria demitido. Vai daí, entre erros processuais, galas de amigos e galos ao poleiro, o pato ergueu as patas e deu à asa para o Conselho Europeu. É esta a nova normalidade, mudar para ficar tudo na mesma.
Para que não restem dúvidas, apenas inquietações, o presidente do único mundo onde ainda vai sendo possível respirar, já iniciou a viagem depois dos oitenta sem perceber que as faculdades cognitivas e intelectuais já não são o que eram. O outro candidato vai a caminho, mas com uma enorme diferença nas orelhas.
Alguém os quer empoleirar. É preciso combater os extremismos por serem perigosos, mas os centrismos deixam ficar de lado os mais pobres. No entanto, o povo tem sempre resposta para quem nos deseja mal, “vozes de burro não chegam aos céus”.
Pablo Rios Antão