Nunca como agora os exemplos foram tão importantes enquanto referência para uma sociedade que se quer aberta e participada. A propósito dos 40 anos da data da sua morte, importa recordar o trabalho de dedicação à comunidade e luta por um sentido de profunda justiça e responsabilidade social que o Monsenhor Pires Quesado desenvolveu durante muitos anos na Póvoa de Varzim. Tive ocasião – ainda na minha infância e juventude – de testemunhar em vários momentos o profundo sentido de humanismo que conseguiu desenvolver junto da sua comunidade e fazer do propósito e confiança valores chave para o dia a dia das pessoas.
A Póvoa de Varzim sempre foi uma terra muito especial, alicerçada numa marca muito ligada à terra e ao mar, mas onde a preocupação em construir novas propostas de valor para o futuro sempre esteve presente nas suas pessoas. Foram e são muitas as pessoas que com o seu sentido de entrega à comunidade dão à Póvoa esse cariz tão especial que é reconhecido por todos os que a visitam sempre com vontade de regressar. O Monsenhor Pires Quesado – que apesar de ser natural de Viana do Castelo dedicou toda uma vida àquela que considerou ser a sua verdadeira terra – sabia como muito poucos incutir nas pessoas uma vontade de inclusão e integração em sociedade, sem nunca abdicar do exercício individual do pensamento e das ideias próprias.
As cidades são cada vez mais espaços dinâmicos de inovação e criatividade que procuram dar resposta às expectativas de uma sociedade exigente em termos das respostas que encontra para o futuro. No tempo do Monsenhor Pires Quesado ainda não se falava da internet e o digital não fazia parte da agenda diária da sua comunidade – como muito bem faz hoje. Mas apesar disso existia um profundo sentido coletivo de procura da excelência e de aposta na procura do valor partilhado como um fator crítico para dar coerência a um projeto de futuro em que todos se reviam. Quarenta anos depois da sua morte, o exemplo do Monsenhor Pires Quesado continua vivo na marca de referência que continua a ser a Póvoa de Varzim.
Por: Francisco Jaime Quesado
Economista e Gestor
