As pessoas falam, trabalham, permanecem na vidinha. Muitos sofrem, eu sei. Falta-lhes o pão ou têm dificuldades económicas. Ou então estão deprimidas, sem esperança. No entanto, não se dão conta que estão a ser manipuladas pela máquina, pelo capitalismo do controle e da vigilância, ou então são cúmplices deles ou votam nos partidos deles, mesmo nos fascistas, pensando que estes representam a revolta. É claro que a culpa também é dos partidos ou organizações de esquerda ou de extrema-esquerda que não têm um discurso suficientemente apelativo, que coloque o dedo na ferida, isto é, que conteste a máquina na sua totalidade, que questione tudo e que seja verdadeiramente revolucionário e poético. Contudo, é exasperante a passividade das pessoas, a falta de afectos, a hipocrisia, o fechamento no grupo ou na família, o fechamento da mente e do espírito, o não abrir das portas, a falta de luz, o medo, a obediência, a cultura do rebanho.
António Pedro Ribeiro, Sociólogo, cronista, poeta e muito mais...
