O capitalismo da vigilância dá origem a uma nova espécie de poder chamada instrumentarismo. Segundo Shoshana Zuboff, o poder instrumentarista conhece e modela o comportamento humano em nome de interesses alheios. Sem recorrer à força exerce a sua vontade por via da automatização de uma arquitectura computacional. Os processos automáticos não só conhecem o nosso comportamento individual, como modelam o comportamento das massas. Os capitalistas da vigilância sabem tudo sobre nós e nós desconhecemos as suas acções. O Google, a Microsoft e o Facebook estão ao serviço do capitalismo da vigilância. Controlados e vigiados pela internet, pelos senhores dos computadores, pelos media, pelo poder financeiro, já não vivemos, vegetamos. Perdemos a liberdade, os sentimentos e a vontade própria. Somos coisas, mercadorias, autómatos. Somos escravos da tecnologia. Mas ainda vamos a tempo da revolta.
António Pedro Ribeiro - Sociólogo, poeta, cronista e muito mais