Há uma estirpe medonha, inqualificável, fora das ameias, das sondagens da sonda Galileo. Um meteoro foi visto a rasgar os céus porque “a princípio é simples anda-se sozinho”, a inventar a luz “bem devagarinho”, alguém nos encantou com “um copo de vinho”. Mas, quem tem as contas em dia pode partir sem fazer de conta. Àqueles que se iludem com a história, depois, derrubam-lhes a estátua.
Quem cria é um espírito fadado, o outro só inveja e incendeia pelo ódio. O mundo nasceu, viveu e morreu em terra tribal. Nenhum feiticeiro foi capaz de feitiço. E “pouco a pouco o passo faz-se vagabundo / Dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo /Diz-se do passado que está moribundo / Bebe-se o alento num copo sem fundo / E vem-nos à memória uma frase batida”.
Na árvore partilhada uma vida mais segura, na caverna a pintura, na pedra a gravura. O homem sábio, o tirano, o macaco, o mamute, o dinossauro. A bola de fogo no inverso do universo.
Agora que nos querem desorientados e sossegados, “navega-se sem mar sem vela ou navio / Bebe-se a coragem até dum copo vazio / E vem-nos à memória uma frase batida / Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida”.
Pablo Rios Antão