Escritor maldito por excelência, Luiz Pacheco pode bem ser considerado o Henry Miller ou o Charles Bukowski português. Para Pacheco, marginal e muito autobiográfico, vida e literatura eram uma e a mesma coisa.
Joaquim Castro Caldas, Manuel Cintra, Armando Ramalho, Jaime Lousa, A. da Silva O., Sebastião Alba e, modestamente, eu próprio, também nos podemos incluir no lote de escritores e poetas para quem a literatura constitui uma vocação e uma aposta vital, que implica muitos riscos.
A escrita de Luiz Pacheco morde e, por isso, é muitas vezes inconveniente. Revela alguém à margem das cumplicidades culturais, dos interesses editoriais, dos favores e da caça ao prémio. Não alinhado com o instituído nem com a moral vigente, o autor de "Comunidade" e de "Pacheco vs Cesariny", é um inimigo das convenções e das castrações. Liberdade é a palavra-chave, mesmo quando estamos tesos, quando cravamos, quando somos presos e, sobretudo, quando rejeitamos as capelinhas e o respeitinho aos senhores, mesmo literários e artísticos.
António Pedro Ribeiro, Sociólogo, poeta e pensador
