Há dias solicitei a uma aplicação de inteligência artificial (Chat GPT) que escrevesse um texto para um jornal local, forneci apenas os seguintes parâmetros:
Texto de 2300 caracteres a contar a história de dois amigos que durante a ditadura decidiram fugir à “tropa” para não serem forçados a combater nas guerras coloniais em África. Contudo foram apanhados pela polícia política e enviados para a frente de combate em Angola.
Três minutos !!! depois recebi o seguinte texto:
“Durante a ditadura portuguesa, muitos jovens foram enviados para combater nas guerras coloniais de Angola, Moçambique e Guiné.
João e Manuel, dois amigos naturais de uma pequena aldeia do norte de Portugal, decidiram que tudo fariam para evitarem ser enviados para África.
João e Manuel criados no seio de famílias pobres, pais pequenos agricultores, ambos concluíram a escola primária, mas tiveram de desistir do ensino secundário por falta de recursos.
Quando atingiram 18 anos receberam a convocatória da circunscrição militar para se apresentarem à inspecção e seguirem para o serviço militar. Sabiam que isso significava serem brevemente enviados para África onde milhares de militares portugueses estavam combatendo uma guerra brutal contra os movimentos independentistas.
João e Manuel fugiram do país. Sabiam que era arriscado mas estavam determinados a escapar à guerra. Uma madrugada, a pé, abandonaram a aldeia tomando a direção da fronteira com Espanha.
Caminharam durante dias evitando, estradas e povoações, quando finalmente atingiram a fronteira e conseguiram atravessá-la, julgaram-se a salvo mas estavam enganados. Poucos dias depois foram apanhados pela PIDE, polícia política conhecida pela sua brutalidade e pelo seu papel de reprimir qualquer oposição à ditadura. João e Manuel foram torturados durante dias, acusados de simpatias comunistas e de quererem derrubar o regime. Negaram as acusações mas isso foi inútil porque a PIDE já tinha decidido que assim era.
João e Manuel foram enviados para a frente de combate em Angola onde milhares de jovens combatiam uma guerra em que não acreditavam. Foram testemunhas da brutalidade que o exército português usava para submeter o povo angolano. Viram companheiros serem mortos e feridos.
Sobreviveram mas nunca mais foram os mesmos. Regressaram a Portugal traumatizados. João conseguiu emigrar para França onde constituiu família, Manuel hoje reformado, ficou pela aldeia foi padeiro. Actualmente....”
(A narrativa prossegue até os 2300 caracteres). Além deste exemplo fiz pedidos de uma carta comercial, uma carta de amor e de um poema em versos de redondilha menor e em todos recebi resposta em poucos minutos. Por ora a ferramenta de tradução para português ainda é incipiente. No entanto, torna-se necessária uma reflexão profunda sobre uma “ameaça” que entra directamente no núcleo duro muitas profissões e em que será preciso por em causa muitas ideias feitas e um grande esforço para encontrar a “oportunidade” associada).
João Sousa Lima