Voz da Póvoa
 
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Imprensa Local, Informação Essencial

Imprensa Local, Informação Essencial

Opinião | 1 Maio 2025

 

A Voz da Póvoa faz 87 anos de idade e terá com certeza muita história pra contar, mas continua a cumprir a missão de noticiar a atualidade.
 
A vida das pessoas acelerou e a sua atenção dispersa-se por um sem-número de objetos de desejo e sedução, restando cada vez menos tempo para o lazer, para a leitura e a reflexão. Na tentativa de corresponder a esta mudança, a vertigem mediática tornou a notícia num produto de consumo instantâneo. Por isso, os jornais regionais estão a adaptar-se, tornando-se cada vez mais revistas da atualidade e cada vez menos veículos primários de divulgação das novidades, já que estas circulam velozmente e chegam ao público muito antes de chegarem às rotativas onde são impressos os periódicos.

Neste sentido, o verdadeiro jornalismo, a informação mediada, pela sua rareza, tem hoje maior valor. Apurar os factos, interpretá-los, separar o trigo do joio e dar-lhes o contexto necessário é uma arte preciosa. Além disso, é imprescindível ao conhecimento público e à democracia plena e informada. À comunicação social não basta ouvir todos os lados e publicar todas as opiniões e comunicados de imprensa, é necessário critério, capacidade de verificar o conteúdo noticioso, ponderar a qualidade, credibilidade e a motivação das fontes. No último ano, o semanário português de maior tiragem errou, clamorosamente, por duas vezes: numa primeira manchete noticiou uma descida no IRS que não era de todo verdadeira, e numa segunda manchete assumiu como correta uma estatística fabricada sobre o número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina. Erros destes são muito graves, mas fáceis de cometer quando não é o jornalismo a prevalecer nas redações. 

Se o trabalho jornalístico é valioso e continua relevante, quem o paga? A imprensa enfrenta uma crise de financiamento profunda, especialmente no modelo tradicional baseado em publicidade e assinaturas. Com o fim do regime do “porte pago”, que compensava o custo do envio das publicações aos assinantes, muitos jornais locais e regionais fecharam portas e quase todos os que ficaram, lutam pela sobrevivência, restando-lhes a dependência financeira em relação ao interesse de falsos mecenas ou de poderes públicos com agendas de propaganda política. Por isso, sou defensor de um regime de financiamento público à comunicação social, um regime que não possa ser desvirtuado ou condicionado à vontade das administrações públicas.

João Trocado, candidato à presidência da Câmara pelo PS
(No Aniversário A Voz da Póvoa)

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