“Oh mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!”
Salgaram as terras do lado de lá do Atlântico onde se fez Brasil, pátria irmã e bendita embora não mais bonita que tu, oh Portugal.
Desde guria tive especial predileção por Hinos. O do Rio grande do Sul como bairrista que sou é-me o mais caro, com seu magnífico refrão:
“... Sirvam nossas façanhas de modelo à toda terra!”
Depois o Hino do Brasil que em especial cito os versos:
“Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme quem te adora, a própria morte”
Mas enfim tornada “portugucha” procurei aprender também o Hino de Portugal, que arrebatou meu coração por encerrar a chave tudo aquilo que os outros dois representam para mim.
Em primeiro lugar a honra, a coragem, a altivez. Depois as armas, pois não há luta que as dispense sejam elas palpáveis ou verbais (essas últimas mais ferinas ou mortíferas sem dúvida alguma) e como diz um ditado tão popular quanto uma tosquia nas minhas bandas: “Dou um boi para não entrar em uma peleia, e uma boiada para não sair!”
Por último, mas não menos importante, a ligação ao mar. Esse que permitiu Portugal desbravar novos mundos e, sendo o Brasil um deles, concluí que afinal o oceano que os afasta também abraça e consola mães, filhos e noivas de um lado e doutro das suas margens. Carregam seus lamentos e preces nos braços de Iemajá que flutua sobre as vagas entre o velho e o novo mundo.
Mas o Atlântico não é apenas feito de água e sal e lágrimas, ele também é solidez. Terra oculta e abençoada onde crescem raízes que nos ligam através do solo mais profundo, por debaixo de toda essa fluidez e inconstância que bailam ao sabor das ondas. Somos uno em essência, torrão do mesmo torrão e trocamos essa energia ora onda, ora rocha tornando-nos mais fortes, mais rígidos em princípios e mais maleáveis em valores, sem que o valor se perca.
“Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”
Deixemos que ele espelhe o melhor que há em nós!
Maria Beck Pombo