
Estava uma poveira sentada nas urgências do Hospital da Póvoa quando o relógio se aproximava das quatro da madrugada, cinco horas depois de lá ter entrado. A distinta utente, com pouca vontade de comprar rebuçados, para prevenir males maiores ligou para a Linha Saúde 24 a lembrar que era diabética e estava para desmaiar de fome se, entretanto, não fosse atendida. Embora, a Ministra da Saúde reconheça que esta linha não atende centenas de chamadas por dia, esta atendeu, e logo tomou as devidas providências. Vá-se lá saber porquê. Dizem que foi por ser poveira, e eu galego que sou, acredito. Não tardou a aparecer um enfermeiro e um médico para dar saúde a esta senhora do Bairro Sul, que consta chegou ao seu lar a dizer mal da doença e bem do atendimento. Mas, atenção que foram anunciados encerramentos de várias unidades de saúde locais a juntar a outras tantas urgências já encerradas. A pompa fica por aqui e a circunstância não fala em encerramento, mas em fusão. Ou seja, foi a forma que o ministério arranjou para suprir a falta de médicos e de meios. Eu só não sei é se a doença pode fazer tantos quilómetros ou esperar tantas horas. Ao que tenho apurado, pelo menos as grávidas têm dado à luz antes de ligarem o interruptor na sala de partos.
Pablo Rios Antão