Voz da Póvoa
 
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DA MORTE DA ÁGORA E DAS TERTÚLIAS Á GRANDE INSUREIÇÃO

DA MORTE DA ÁGORA E DAS TERTÚLIAS Á GRANDE INSUREIÇÃO

Opinião | 5 Julho 2021

O perito, o comentarista que mais bem serve o capitalismo e a sociedade-espectáculo é aquele que mente. Os que têm dele necessidade são, por diversas razões, o falsificador e o ignorante. O cidadão comum, o rebanho que pasta, é tranquilizado pelo "perito". Veja-se o caso da pandemia.

Segundo Guy Debord, um factor do desaparecimento de todo o conhecimento histórico objectivo manifesta-se a propósito de qualquer reputação pessoal, que se tornou maleável e manipulada à vontade pelos que controlam toda a informação e que, assim, têm toda a liberdade de a falsificar.

Já não existe a àgora de Atenas. Já quase não existem tertúlias. Nos cafés mal se discute a polis, a arte, a poesia, a política no seu sentido mais nobre, a filosofia. Reinam as banalidades, as futilidades, os boatos, os mexericos, a estupidez, o fechamento no grupinho, o tédio, a rotina. Dominam o discurso mediático, as redes sociais, os telemóveis, os programas imbecis do Goucha e da Cristina Ferreira, os debates patetas dos futeboleiros, o apelo à manha, ao choradinho e ao mercantilismo das telenovelas, os "reality-shows", as imbecilidades e patetices todas, as "fake-news". Já não existe ajuizamento  nem orgulho na capacidade de verificação, o que permitiria atingir a verificação imparcial dos factos. Já nem sequer existe existe uma verdade bibliográfica incontestável. Está tudo nos media e na internet. Poucos lêem livros. Pouco se pensa. A preguiça mental abunda, como dizia o meu pai. Não se lêem os mestres, pouco se escutam os artistas rebeldes e malditos. É só caos. Só confusão que nos atiram para os olhos. Mas do caos virá a luz. Do caos virá a grande insurreição.

António Pedro Ribeiro – Sociólogo, poeta, cronista e muito mais...

 

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