Há os venenosos e aqueles que se comem. Aliás, podem comer-se os dois, um mata e o outro não engorda. Temos matéria suficiente para um diagnóstico, mas reconheço que dos pobres sobra-lhes o estatuto, mas esquecem-lhes o nome. O número na casa dos milhões sem casa, que ao arrepio da Constituição é um direito que a direita acha comunista, como se esta fosse eleita só pelos proprietários, patrões e outros nomes reunidos na Confederação da Indústria Portuguesa.
Se uma casa se encontra devoluta há mais de trinta anos por questões jurídicas, não é a justiça que não funciona, são os eleitores que não foram capazes de eleger, durante esse mesmo período, quem a fizesse funcionar.
Acontece que, as mais de 700 mil casas abandonadas deixam no mesmo estado outras tantas famílias que o Estado não é capaz de abrigar. Obrigar a recuperação da triste figura das ruas emparedadas de casas mortas e dar-lhes choro, riso e vida, parece surreal, mas ao alcance de quem tem a responsabilidade de gerir ou administrar esta família que se chama Portugal.
Pablo Rios Antão