Voz da Póvoa
 
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alcance na formação e desenvolvimento da cidadania.

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Opinião | 2 Março 2022

Em Portugal, ao longo da última década, é notório o interesse que várias companhias teatrais têm dedicado a este elemento estruturante da identidade coletiva nacional, como comprovam as inúmeras peças que têm sido levadas à cena inspiradas nas vivências da emigração.

Os exemplos são variados e perpassam o território nacional, na esteira da transversalidade do fenómeno migratório na sociedade portuguesa. No ocaso de 2011, por exemplo, o Teatro Municipal da Guarda (TMG), encetou um espetáculo sobre a odisseia da emigração lusa dos anos 60 para França, justificando então o seu diretor artístico a aposta no mesmo, pela atualidade da temática e a ligação muito forte da mesma com a região.

Em 2014, ano em que a emigração portuguesa se manteve num patamar elevado, o Teatro Experimental do Porto, levou a cena no Auditório Municipal de Gaia a peça “Nós somos os Rolling Stones”, que se assumiu como um manifesto geracional sobre a emigração de jovens lusos. Este novo paradigma da emigração portuguesa foi retratado no ciclo Migrações, que decorreu em 2018 no Teatro Maria Matos, em Lisboa, onde foi abordada a experiência de emigrantes portugueses em Great Yarmouth, uma pequena vila na costa leste de Inglaterra, através do espetáculo “Provisional figures Great Yarmouth”, que tinha sido já apresentado no Reino Unido e no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto.

Presentemente, ainda no decurso do mês de fevereiro, duas companhias teatrais trouxeram à cena espetáculos dedicados ao fenómeno da emigração portuguesa. Nomeadamente, a academia de teatro bracarense Tin.Bra, que estreou na capital do Minho o espetáculo “Odisseia da Emigração: IR”, a primeira peça de uma trilogia sobre a emigração portuguesa dos anos 60. Inspirada nas experiências e vivências da emigração portuguesa, a partir da década de 1960, a peça usa o teatro e a música como instrumento artístico para retratar a realidade deste fenómeno cultural de enorme impacto na região minhota.

Na mesma esteira, o Teatro Manga, uma companhia fixada em Lisboa e dedicada às artes performativas que trabalha no cruzamento entre teatro, dança e performance, estreou no Espaço Escola de Mulheres (Clube Estefânia), estreou a peça “Emigrantes”. Inspirada em “The Arrival”, obra gráfica de Shaun Tan, o espetáculo Emigrantes conta a história da experiência global que é a migração e leva-nos a pensar sobre os processos de adaptação e integração das comunidades migrantes.

A importância crescente que várias companhias teatrais têm dado à temática da emigração lusa, aviva simultaneamente o impacto do fenómeno no território nacional, e a frase imbuída de atualidade de Almeida Garrett, refundador do teatro português: “O Teatro é um grande meio de civilização”.

Daniel Bastos – Historiador 

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