Voz da Póvoa
 
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Abril Ainda por Cumprir

Abril Ainda por Cumprir

Opinião | 26 Abril 2024

 

No 25 de Abril de 1974 tinha 5 anos e vivia na Trofa. Lembro-me das comunicações do MFA na televisão, da "Grândola" de Zéca Afonso, do "E Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho e da canção da "Gaivota", já não me recordo bem de quem. Os meus pais levaram-me ao Porto, ao 1º de Maio, que foi um grande momento de celebração e manifestação popular, as ruas e as praças repletas de gente. O meu pai, que foi director fabril e se envolveu nas Comissões de Trabalhadores, foi também presidente da Assembleia Municipal de Santo Tirso pelo PS no pós-25 de Abril. Parte dos meus tios e tias, do lado da minha mãe, foram militantes da LCI (Liga Comunista Internacionalista, trotskista), que esteve na origem do PSR e, posteriormente, do Bloco de Esquerda. O meu tio Francisco Vale chegou a ser preso pela PIDE e foi líder da LCI, sendo actualmente responsável pela editora Relógio d' Água e, durante muitos anos, jornalista d' "O Jornal".

A Revolução de Abril traz-me à memória os seus heróis: Otelo Saraiva de Carvalho, Salgueiro Maia, Álvaro Cunhal, entre outros. Traz-me à memória a longa luta contra o fascismo de Salazar e Marcello Caetano. O povo na rua. A reforma agrária. A tentativa de transformação de Portugal numa sociedade socialista e igualitária, abortada pelo 25 de Novembro. As utopias de Abril. Os seus cantores. Zéca Afonso. José Mário Branco. Francisco Fanhais. Pedro Barroso. As campanhas de alfabetização, dinamização cultural e de educação do povo. A democracia, apesar de tudo.

António Pedro Ribeiro, Sociólogo, cronista poeta e muito mais…

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