Voz da Póvoa
 
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A REBELIÃO DOS JOVENS E AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

A REBELIÃO DOS JOVENS E AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Opinião | 12 Novembro 2022

 

"Estamos numa auto-estrada para o inferno", bem avisa António Guterres. Mas os jovens e os estudantes estão acordados. Ocuparam escolas e universidades de Lisboa em nome da salvação da Humanidade e do Planeta. "A nossa casa está a arder", ecoam as palavras de Greta Thunberg. "Ocupamos a nossa faculdade pelo fim do fóssil. Estudante, junta-te a nós pelo futuro!". Na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa os estudantes dormiram durante a ocupação à noite. A afluência de pessoas ao longo do dia foi "grande", como conta o estudante Diogo Monteiro, um dos organizadores. As duas reivindicações essenciais das ocupações são o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva, ligado a interesses petrolíferos. "Vou faltar às aulas porque isto é uma causa maior", diz a estudante Clara Pestana, uma das porta-vozes do grupo no Liceu Camões. "Porquê prepararmo-nos para um futuro que não existe? Irmos às aulas para nos prepararmos para um futuro hipotético em vez de criarmos um espaço que nos permita criar o nosso futuro?", questiona-se a aluna do 12º ano, que participa no movimento desde as primeiras greves pelo clima em Portugal mas acha que "não bastou". "Temos de escalar a nossa acção porque as emissões estão a aumentar e o governo não nos ouve", alerta.

Na Escola António Arroio, em Lisboa, o protesto pelo clima ganhou força: "Está para durar!". Á porta da escola dezenas de alunos gritam pelo "fim ao fóssil". Dizem que só saem quando alguém os obrigar. "Ocupa a Arroio! Deixa ocupar, deixa, sou activista e o mundo eu vou mudar".

O director da escola, o fascista Rui Madeira, diz que os protestos subiram de tom e geraram alguma clivagem. Os alunos vão ser penalizados, "porque não vai haver faltas justificadas", afirma o grande cão.

Entretanto, as chuvas mataram 1700 pessoas no Paquistão, dão-se as "bombas de chuva" na China, há mais de um milhão de pessoas deslocadas pelas inundações na Nigéria há duas semanas e outro milhão depois no Chade. O rio Nilo está a ficar salinizado, o rio Mississípi está a secar, tal como o Tigre e o Eufrates.

Os países mais vulneráveis exigem compensações que seriam pagas pelas nações mais ricas e que emitiram a grande maioria das emissões de gases de estufa na atmosfera. No entanto, além dos Estados, há ainda as empresas de combustíveis fósseis. É mesmo uma questão de vida ou de morte. Aqui e agora. Derrubemos os ‘cães’ e os vendilhões.

António Pedro Ribeiro, Sociólogo, cronista, poeta e dizedor de palavras…   

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