“É alguém em quem não se pode confiar, na ética de negociação do presidente Putin, é perfeitamente possível estar a fazer uma coisa e dizer exactamente o contrário”, disse Durão Barroso na Grande Conferência sobre Defesa, promovida pelo Diário de Notícias. Pode até ser verdade o que disse o antigo primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia, mas relembrando as memórias curtas, este senhor, uma espécie de emplastro de Tony Blair, George W. Bush, e José Maria Aznar, também disse ter visto provas irrefutáveis da existência de armas de destruição em massa no Iraque de Saddam Hussein, assinando a evasão daquele país, mas tudo não passou afinal, como se veio a provar, de uma colossal mentira. Ou seja, como poetizou o António Aleixo “Coitado do mentiroso / Mente uma vez, mente sempre / Mesmo que fale verdade / Todos lhe dizem que mente”. Na realidade faltou julgar este quarteto de criados de servir da indústria de armamento por crimes de guerra. Como isso não aconteceu, o apelidado Cherne português continua a ser convidado para leiloar postas de pescada e angariar um certo pecúlio para o seu bolso através da promoção e intermediação dos negócios que os seus amigalhaços tanto desejam, “a única forma de garantirmos a paz é estarmos preparados para a guerra”. Enquanto não formos capazes de afastar dos nossos olhos e das nossas vidas estes vampiros, as sombras continuarão a ser lugares privilegiados de conspiração.
Pablo Rios Antão