Voz da Póvoa
 
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25 de Abril

25 de Abril

Opinião | 24 Abril 2025

 

A liberdade chegou de madrugada, vestida de esperança e embalada pelo canto das ruas. Não trazia espadas, nem grilhões, apenas cravos vermelhos a florescer no cano das armas. E foi assim que a revolução nasceu – não no estrondo do medo, mas no silêncio que se desfez em gritos, no suspiro contido que finalmente se soltou.

Havia gente nas janelas e nos passeios, olhos brilhantes e corações a bater mais forte. O vento trazia o eco das palavras proibidas, agora livres, a dançar entre as praças e os becos estreitos da cidade. Era um dia novo, um dia sem donos, um dia em que o chão já não tremia sob passos de opressores, mas sob o peso leve da esperança.

Os cravos eram bandeiras vivas, rubras como o sangue não derramado, erguidos por mãos que outrora se apertavam no medo. Nos rostos, a revolução desenhava sorrisos. Nos olhos, incendiava promessas. No peito, reacendia o fogo do que nunca deveria ter sido apagado.

E assim ficou, gravado na pele da História: o dia em que Portugal despiu o medo e vestiu a liberdade.

Isabel Rosas, escritora

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