Voz da Póvoa
 
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Uma Torrente d’Escritas Visita a Póvoa em cada Fevereiro

Uma Torrente d’Escritas Visita a Póvoa em cada Fevereiro

Local | 25 Fevereiro 2025

 

O nobre Salão de Ouro do Casino da Póvoa abriu as portas para oficializar em cerimónia a 26ª edição do Correntes d’Escritas, que contou com a presença do Secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos, e do Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, e todo o executivo.

Para além do anúncio dos vencedores dos prémios literários do evento, foi também apresentada a Revista Correntes d’Escritas nº 24, com um conjunto de dedicatórias a Onésimo Teotónio Almeida, o único escritor que esteve presente em todas as edições do evento criado em 2000.

Para o escritor que vive nos Estados Unidos, não foi uma surpresa, “porque há tempos fui informado sobre isto”, mas, reconheceu que não tinha “jeito para situações destas”, no entanto não deixou de partilhar umas gargalhadas. Terminou agradecendo a publicação e confessou ter gravado na memória todas as edições.

Em breves palavras, Dionísio Vinagre, Administrador da Varzim Sol, declarou que se no final do ano a concessão do Casino da Póvoa for renovada, compromete-se a manter o apoio ao Correntes d’Escritas. E depois de enumerar as edições, prémios literários e de pintura, entre outros apoios às artes, disse que a Varzim Sol “orgulha-se de nos últimos 28 anos ter contribuído para o desenvolvimento da cultura em Portugal e na Póvoa de Varzim, em particular”.

Alberto Santos, no seu primeiro acto público enquanto Secretário de Estado da Cultura, afirmou ser uma “oportunidade muito gratificante” e felicitou os “26 anos de Correntes”, que considerou “torrentes de escritas, torrentes de escritores, de prosa, de poesia, de exposições, de debates, de jornalismo, de reflexão sobre a literatura, a actualidade e sobre a condição humana. E com tantas memórias que tornam este festival dos poucos incontornáveis do nosso panorama literário”.

O Secretário de Estado que visitou a Póvoa para lançar livros, mas também como convidado do Correntes sustentou que “esta celebração é possível através da virtuosa cooperação entre os poderes públicos e privados, como é o caso do Casino da Póvoa, e demais instituições que se associam ao Festival”. Neste sentido, felicitou o Presidente da Câmara pela dedicação ao evento cultural, mas também “ao posicionamento estratégico desta cidade amiga da cultura e da literatura”.

No seu último discurso no Correntes d’Escritas, Aires Pereira agradeceu publicamente a Luís Diamantino a dedicação que entrega ao evento, admitindo que terminam os seus mandatos com “sentimento de dever cumprido”. Ficou também a convicção na sala, que Onésimo Teotónio Almeida será distinguido com a Medalha de Reconhecimento Poveiro no dia da cidade, a 16 de Junho. Ainda em jeito de desafio, quer ver publicado um trabalho sobre “o notável desenvolvimento cultural da cidade graças ao Correntes d’Escritas”. Um orgulho que disse sentir com “a centralidade da cultura no projecto de desenvolvimento da Póvoa de Varzim”.

A Palavra voltou a ser o objecto transversal do seu discurso e preocupação, “a irrelevância, ou mesmo descrédito, a que está reduzida a palavra”, e fez uma reflexão sobre a forma como a palavra é difundida: “Tudo, hoje, parece errado à nossa volta. A palavra já não serve a verdade que conhecíamos, serve, sim, a realidade alternativa que nasceu e medrou nas redes digitais, e cujo potencial demolidor é agora exponencialmente aumentado pela intervenção de tecnologia que, ignorando o seu criador, substitui a razão por algoritmos, dando-nos em recompensa a verdade que escolhermos. Cada um de nós terá direito à sua, porque ela já não é, como durante séculos foi, uma construção colectiva. Estamos, portanto, em presença de um mundo absolutamente novo e cada dia mais novo, graças à sua matricial e perturbadora imprevisibilidade”, referiu o Edil.

Não é uma solução, mas pode ajudar no verdadeiro uso da palavra: “quando a dúvida ou a angústia perturbarem os vossos dias, vinde à Póvoa, porque aqui, em sítios que conheceis, e perante pessoas que vos estimam, viajareis em cenários de confiança no futuro e recuperareis a certeza de que nenhuma máquina substituirá a humana capacidade de construir algo em conjunto”, concluiu Aires Pereira.

Por: José Peixoto
Fotos: Rui Sousa

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