Voz da Póvoa
 
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Tomada de Posse dos Novos Corpos Sociais da Santa Casa da Misericórdia

Tomada de Posse dos Novos Corpos Sociais da Santa Casa da Misericórdia

Local | 19 Janeiro 2020

A Cerimónia Ficou Marcada Pela Despedida de Manuel Quintas

Os novos corpos sociais da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Varzim, para o quadriénio 2020-2023, tomaram posse numa cerimónia que ficou marcada pela despedida de Manuel Quintas que ao longo das últimas três décadas presidiu à Assembleia-Geral, tendo trabalhado com quatro Provedores (Lima Pereira, José Trovão, Silva Pereira e Virgílio Ferreira).

Na provecta idade de 85 anos, Manuel Quintas recordou à nossa reportagem que foi através do seu pai que passou a integrar a Irmandade e abraçou a missão da Santa Casa da Misericórdia. Na hora da saída do cargo que ocupou por mais de 30 anos, não escondeu alguma nostalgia e saudade: “São muitos os momentos vividos nesta instituição. Lembro-me particularmente da luta que travamos para erradicar a doença dos pezinhos, nomeadamente com a criação do Centro de Estudos e Apoio à Paramiloidose (CEAP), onde a Santa Casa da Misericórdia investiu muito dinheiro. Sob a direcção do Dr. Rui Faria, conseguimos fazer a prevenção e o combate à doença, apoiando os doentes, primeiro através dos transplantes hepáticos e depois com os novos medicamentos (Tafamidis), acompanhando os casais que queriam ter filhos, através da fertilização in vitro. Actuando em várias frentes, esta Santa Casa conseguiu conter a propagação da doença na Póvoa de Varzim”.

Nesse sentido, Manuel Quintas considera que o combate à paramiloidose deve regressar à esfera da Santa Casa da Misericórdia, considerando ter sido um erro a transferência para o Serviço Nacional de Saúde. “A maior parte dos médicos de família desconhece a natureza desta doença e por esse facto, nos últimos anos, temos assistido ao surgimento de novos casos, de forma preocupante. Atendendo à experiência que temos, faz todo o sentido que seja a Santa Casa a abraçar a missão de apoiar os doentes e combater a doença dos pezinhos”.

Se o apoio à terceira idade e aos mais necessitados é a grande missão da Misericórdia da Póvoa de Varzim, cativar os jovens é assegurar o futuro. “Esse é o grande desafio que se coloca a esta instituição. A Irmandade da Santa Casa é constituída por pessoas já de meia-idade e temos de ser capazes de incentivar a juventude a colaborar com a nossa missão. Os nossos utentes são muito agradecidos pela forma como aqui são tratados. Muitas famílias não têm capacidade de ter os seus idosos em casa e aqui encontram o conforto e o tratamento cristão que necessitam. Hoje em dia há um sentimento generalizado que o Estado pode fazer tudo, criar creches e lares de graça. Isso é um erro. Transferir a prestação de cuidados para a esfera pública não traz vantagens, muito pelo contrário. As Santas Casas e as IPSS prestam um serviço melhor e mais barato do que o Estado”.

Neste último acto público como presidente da Assembleia-Geral, Manuel Quintas sai com a satisfação e o orgulho por ter estado e servido a Misericórdia da Póvoa de Varzim. “Servi quatro Provedores que deixaram obra feita. A mais recente obra, a requalificação da Estrutura Residencial, vai alavancar a instituição, mas é preciso lançar novos projectos e sensibilizar as pessoas a dedicar mais tempo ao próximo. Quando temos a ajuda de Deus, nada é impossível”, concluiu.

Provedor Virgílio Ferreira Elenca os Eixos Estratégicos do Mandato

Reconduzido no cargo de Provedor da Misericórdia da Póvoa de Varzim e sob a protecção de Nossa Senhora da Misericórdia, Virgílio Ferreira faz-se acompanhar por Nuno Tavares Moreira, na presidência da Mesa da Assembleia-Geral, e por João Gomes, na presidência do Definitório.

No discurso de tomada de posse, Virgílio Ferreira começou por referir: “Os Irmãos que fazem parte da Mesa Administrativa, que juraram servir a instituição, estão conscientes das dificuldades que irão encontrar no cumprimento desta missão de quatro anos, mas é com entusiasmo que se propõem a trabalhar a bem da sociedade poveira e em particular dos mais carenciados. Os problemas sociais são múltiplos e alguns de difícil solução, por isso seremos parte activa da Rede Social Local, certos de que seremos mais eficazes se trabalharmos de forma coordenada, continuando esta Misericórdia disponível para ser um dos principais pilares de apoio social deste concelho”.

Nesse sentido, o Provedor garantiu que as parcerias, que ao longo do tempo têm sido construídas, vão ser reforçadas: “Continuaremos a ter uma sociedade a necessitar de um forte apoio social, particularmente às pessoas mais isoladas e vulneráveis, exigindo de nós mais disponibilidade financeira, condições físicas adequadas e meios humanos melhor preparados. Para responder a estas exigências, iremos orientar a nossa acção em quatro eixos: Melhoramento das estruturas e a sua adequação às necessidades das populações; Modernização da organização; Promoção da sustentabilidade da Misericórdia; Dinamizar a Irmandade e reforçar a ligação às estruturas associativas”.

Virgílio Ferreira não tem dúvidas que “o fortalecimento das Misericórdias permitirá à sociedade encarar com mais tranquilidade as crises económico-sociais que continuarão a existir, ao garantirem respostas imediatas aos problemas sociais mais urgentes que delas resultam”. Por outro lado, acrescenta, “o enquadramento das Misericórdias na economia do país exige que a Lei de Bases da Economia Social seja efectiva, para haver um reconhecimento do papel das organizações não lucrativas do sector social, na economia e na sociedade”.

E concluiu: “Sendo, reconhecidamente, o capital humano, o mais importante das organizações, é também com os trabalhadores que queremos cumprir a nossa missão, pelo que continuaremos a ter em atenção os seus problemas e a corresponder às suas necessidades, de modo a manter a sua motivação”.

Aires Pereira Assume o Compromisso de Apoiar a Instituição

Presente na sessão, Aires Pereira começou por elogiar a dedicação de Manuel Quintas à Santa Casa da Misericórdia: “Tive o prazer de testemunhar a forma empenhada e sempre proactiva com que dirigiu a Mesa da Assembleia-Geral. E nos momentos difíceis da Santa Casa foi capaz de transmitir a tranquilidade necessária para que a Provedoria continuasse a cumprir com a sua missão e os projectos que tem pela frente”.

Nos últimos seis anos, o investimento do Município da Póvoa de Varzim na área social ascendeu a 7,5 milhões de euros, sublinhou Aires Pereira, que reforçou a sustentabilidade das instituições como um objectivo fundamental e permanente na prestação de cuidados à população. “A Santa Casa faz parte do projecto social da Câmara Municipal. É importante que as instituições construam a sua sustentabilidade para que não passem a vida de mão estendida. A Misericórdia da Póvoa de Varzim está a dar passos seguros nesse sentido. E podem contar com a minha teimosia na defesa desta instituição que tanto nos honra e que tenho orgulho que faça parte da nossa cidade”, concluiu.

 

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