Anunciados os vencedores dos quatro prémios literários associados ao encontro de escritores de expressão ibérica, e apresentada a revista Correntes d’Escritas nº 23 dedicada aos 25 anos do festival literário, que viria a semear outros pelo país, os convidados e escritores presentes ao final da manhã do dia 21 de Fevereiro, no Salão d’Ouro do Casino da Póvoa. Ouviram primeiro, Dionísio Vinagre, administrador da Varzim Sol, empresa concessionária do Casino da Póvoa, que garantiu a continuidade do prémio literário no próximo ano, mas o futuro ficará sempre dependente da renovação da Concessão do Jogo, que termina a 31 de Dezembro de 2025. Até ao momento ainda não foi aberto o concurso.
Na sessão oficial de Abertura da 25.ª edição do Correntes d’Escritas, o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim agradeceu e deu as boas-vindas a todos os presentes.
Na sua intervenção, Aires Pereira, tal como no ano anterior, destacou a importância da palavra como “o instrumento de comunicação que, em diferentes planos, com diferentes objectivos e, portanto, por diferentes modos, partilhamos: eu, no serviço aos cidadãos, gerindo a sua Pólis; vocês, lendo e interpretando a sociedade, no exercício livre da criação literária – a palavra, dizia, vem sendo crescentemente maltratada e desacreditada. Não deixou de ser uma arma. Bem pelo contrário, é cada vez maior o seu poder, mas não ao serviço da proximidade e do encontro de pessoas, culturas e povos”.
E, prosseguiu “a grande ferramenta de combate pela liberdade, pela heterogeneidade e pela alteridade, capturada que está, progressivamente, por um higienismo cultural que, em nome de ideários políticos de vocação totalitária, lhe empobrece e apouca a capacidade criadora e significante. A palavra está, hoje, crescentemente condicionada por grupos de vigilantes do pensamento, que só lhe consentem o uso que a converte em instrumento de manipulação de massas, na vastidão de um espaço público cuja tribalização é, hoje, uma ameaça real à liberdade e, portanto, à democracia”.
O texto integral do discurso pode ser lido na revista Correntes d’Escritas. Deixo apenas uma última intervenção inspirada do Presidente da Câmara, influenciada pelo Cântico Negro de José Régio: “Ide só por onde vos levam os vossos próprios passos”.
A encerrar a sessão, por impossibilidade de estar presente “nesta data tão especial”, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem de vídeo onde, entre outros elogios, afirmou que “o Correntes d’Escritas nasceu na Póvoa, tem o espírito da Póvoa, mas é português, dos países que falam português e línguas ibéricas, é africano, asiático, universal e um marco anual de celebração do livro”.
Por: José Peixoto
Fotos: JCM/CMPV
