Voz da Póvoa
 
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Meio Século da Cidade para Assinalar um ano Inteiro

Meio Século da Cidade para Assinalar um ano Inteiro

Local | 19 Junho 2023

 

A Póvoa de Varzim elevou-se ao estatuto de cidade a 16 de Junho de 1973, data que se instituiu comemorativa do Dia da Cidade. Agora que, festejamos 50 anos olhamos para trás com o orgulho de quem se edificou no passado e subiu ao palco do Cine-Teatro Garrett para ser reconhecido. Numa cerimónia que iniciou com a interpretação do hino da Póvoa de Varzim pelo coro Capela Marta, o Presidente da Câmara Municipal homenageou com a Medalha de Reconhecimento Poveiro Grau Prata, Américo Poças Campos, e com a Medalha de Reconhecimento Poveiro Grau Ouro a Cooperativa Agrícola da Póvoa de Varzim e a Fundação Centro Social de S. Pedro de Rates. Um momento considerado por Aires Pereira como “central e a causa maior da comemoração do Dia da Cidade”.

Antes da entrega das honrarias, o Presidente da Câmara pediu um minuto de silêncio e, memória de José de Azevedo, escritor, historiador e antigo presidente da Câmara. Na plateia, duas personalidades, que há 50 anos estavam politicamente envolvidas na elevação da Póvoa de Varzim a cidade, Arriscado Amorim e Alberto Eiras, presidente da Câmara e vereador respectivamente, foram também saudadas.

Os filhos Joana, Américo e Afonso Campos apresentaram a sua visão sobre o empresário Américo Campos, como um pai presente, um empresário atento e sempre pronto a dar lições para a vida, sublinhando a sua solidariedade e companheirismo. Por sua vez, Américo Poças Campos visivelmente emocionado agradeceu aos melhores filhos do mundo recordando que a sua vida empresarial não foi sempre um mar de rosas, mas conseguiu dar a volta. Disse ainda estar muito honrado com a distinção “em dia tão especial para a cidade” bem como agradecido ao Presidente da Câmara.

A apresentação da homenageada Cooperativa da Póvoa coube a Armindo Ferreira, que historiou e resumiu os 75 anos da Cooperativa responsável pela criação da primeira ‘fábrica’ do Leite da região, mas também razões para alongar a idade até aos 115 anos, fruto de ramificações com organizações da lavoura que se fundiram.

Por sua vez, José Campos, confessou a felicidade de neste momento ser o presidente da Cooperativa, não esquecendo todos os outros presidentes. “O reconhecimento é mérito de todos os que passaram pela Cooperativa”. Afirmou ainda estar concentrado no futuro da agricultura no concelho, tanto no sector leiteiro “que perdeu 70% dos seus produtores nos últimos anos” como no hortícola: “Temos que continuar a produzir com segurança os alimentos”.

O Centro Social de Rates coube a Paulo João, presidente da Junta daquela freguesia, sobrelevar a solidariedade e o percurso das instalações que foram ganhando condições de bem-estar para os utentes. Lembrando também que a construção da piscina é hoje uma valência utilizada por cerca de 400 pessoas. Já Justino Craveiro, Presidente da Fundação Centro Social de S. Pedro de Rates, reconheceu que “125 anos é algo que merece ser celebrado efusivamente pela comunidade”. Agradeceu a quantos serviram a instituição, nomeadamente a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, “continuaremos a trabalhar para servir socialmente a população”.

Estratégias e Rumos Definem Políticas de Cidadania

No seu discurso, o Presidente da Assembleia Municipal, Afonso Pinhão Ferreira, fez uma visita ao passado da sua memória e recordou um tempo em que “o telejornal da época era mesmo a preto e branco, acinzentado quanto baste”, estávamos ainda no tempo do marcelismo. “Naquele longínquo sábado de 16 de Junho de 1973, a terra onde estudava, na altura Liceu Nacional da Póvoa de Varzim, tinha sido promovida. Era agora uma cidade como o Porto, como Coimbra, como Lisboa”. Este dia festivo e vivido nos seus 15 anos ficaram guardados para sempre, “ao olhar pelo retrovisor da vida não tenho esse dia embaciado, bem pelo contrário. Lembro-me de sair do autocarro na Praça do Almada e ver muita gente na rua. Recordo-o com uma saudade que dignifica esse momento político-social, que colou um selo distinto nesta comunidade, a qual se tornou um dia de celebração, o Dia da Cidade”.

Olhando a história, Afonso Pinhão Ferreira concluiu que “a Póvoa de Varzim moderna emergiu depois da conquista da cividade de Terroso pelos romanos, por volta de 138 AC. Depois disso, sujeitámo-nos ao poder feudal, ao poder monástico, ao poder monárquico, ao poder republicano, ao poder central, e agora sim, somos mesmo nós, uma cidade com um governo local eleito democraticamente, assim continue”. 

A encerrar a cerimónia do Dia da Cidade, Aires Pereira assumiu que “fizemos, nestes 50 anos, um trajecto de que temos, colectivamente, justos e vastos motivos de orgulho”. Para o Presidente da Câmara, hoje, os cidadãos “dispõem de uma administração mais próxima”, sendo que a participação dos cidadãos dá à organização da comunidade mais qualidade de vida.

“Hoje, é preciso pensar o futuro das cidades a uma escala maior. Não apenas a do seu território, mas a da sua região, através de redes de cidades e de conexões regionais. Ninguém está sozinho neste mundo nem as cidades. É neste ponto que nós estamos, na fase do planeamento urbano estratégico em que fomos pioneiros a nível nacional. Sabíamos por onde queríamos ir e o que teríamos que fazer para conseguir esse objectivo”, reafirmou o Edil.

A aceleração da modernidade exige novas estratégias: “Estamos em cada dia num tempo novo que nos desafia a respostas novas e persistentemente inovadoras. No domínio dos serviços, dos transportes, da mobilidade, dos cuidados de saúde, do lazer, da cultura, da vida em geral”.

Para Aires Pereira, “o poder local é cada vez mais o poder do cidadão e a responsabilidade do gestor local é consequentemente maior, mais escrutinada, o que é naturalmente saudável”. Porque, “um bom governo da cidade é aquele que garante aos cidadãos uma vida urbana de qualidade, com segurança, com um ambiente saudável, com condições de vida. O bom governo da cidade é aquele que através de processos claros não permite que a cidade fique refém de grupos mais aguerridos, de intervenção demagógica e populista como assistimos todos os dias, movidos por uma concepção basista da participação, que só contempla a vertente dos direitos”, quanto aos deveres nunca saem da gaveta iludindo dessa forma o menos atento eleitor. 

Nesse sentido para o Presidente da Câmara “o rumo que orientou a governação da Cidade neste meio século, mais notoriamente na segunda metade, é comprovadamente o rumo certo porque através do teste mais elucidativo entre pessoas e empresas confirmou a eficácia e a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento implementado, que permite oferecer a residentes e visitantes a melhor relação custo/beneficio em termos de qualidade de vida”. E acrescenta: “Este rumo de sustentabilidade tem, não apenas, de ser mantido, mas igualmente aprofundado, designadamente, através das políticas urbanas com que a emergência climática confronta hoje as cidades, que consomem 75% da energia e geram 80% das emissões de gases geradores do efeito de estufa, o tal do aquecimento global”.

Quanto ao conceito da Cidade 15 minutos, “nós na Póvoa de Varzim já o somos há algum tempo. Qualquer serviço público ou privado de que necessitemos está acessível através da nossa rede de ciclovias e percursos pedestres”. 

Para Aires Pereira “tudo isto só será possível com o forte envolvimento de todos, tenho certo que nós poveiros quando convocados para os grandes desafios nunca viramos a cara à luta e sempre vencemos”. 

Por: José Peixoto

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