Há pessoas que vivem para nos habitar a memória. É por isso que nunca estão ausentes, mesmo quando partem. José de Azevedo viveu para a Póvoa de Varzim e para a sua comunidade, quando se foi embora deixou-nos a possibilidade de preencher a saudade com livros etnográficos e outros, teatro revista, marchas poéticas para a tricana dançar ao S. Pedro, hino do Varzim e outros tantos sonhos e associações que ajudou a fundar. Foi também autarca e como jornalista colaborou com o Jornal de Notícias, Mundo Desportivo, Ala Arriba, Comércio da Póvoa e foi durante dez anos Director do jornal A Voz da Póvoa.
Na tarde do dia 23 de Novembro, a poente da Avenida dos Descobrimentos, foi inaugurado um monumento em homenagem a José de Azevedo, pelo Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, na presença da família e centenas de pessoas. A escultura é da autoria de Margarida Santos.
A escolha do local para Aires Pereira, foi o ideal “para alguém que viveu perto do mar, para o mar e para os homens do mar”. O facto de parecer sair da escultórica porta virada para a Argentina, terra natal do seu escultor, Ricardo Wolfson, e caminhar de forma determinada com o jornal debaixo do braço, levou o Edil a afirmar que também José de Azevedo foi “um símbolo de liberdade”. Com esta homenagem “concluímos uma trilogia que tínhamos proposto fazer”. A escultura de José de Azevedo junta-se a João Francisco Marques e Suzana da Costa.
Entre tantos outros legados deixados, Aires Pereira destaca “o sentimento de ser poveiro e de tudo aquilo que isso representa”.
Quem recorda o autor do livro “Póvoa de Varzim, a terra e o mar” reconhece a pessoa afável que tinha sempre uma palavra amiga, companheira, uma estória alegre, um sorriso, uma conversa no meio da rua, “aquela poveira leva o filho à proa”, significava simplesmente que estava grávida.
O jornalista Pedro Azevedo, filho do homenageado, em representação da família, recordou o importante papel que José de Azevedo teve na cidade recontando o político e as suas intervenções quer associativas, culturais e recreativas: “A paixão do meu pai foi a Póvoa e a família sentiu-o muito porque ele tinha menos tempo para nós em prol de se dedicar à Cidade”.
Os livros que publicou são o testemunho deixado pelo etnógrafo que “escreveu sobre usos, costumes e tradições. Deixou a história da Póvoa escrita e falou dos seus heróis, alguns até então desconhecidos”. Tendo passado muitos anos na Capitania da Póvoa, José de Azevedo também teve uma passagem pela política “como vereador do Turismo e presidente da Câmara da Póvoa”.
Para Pedro Azevedo a homenagem do Município “ é um sentimento de memória curvada pela saudade”. E concluiu: “É um momento que vai eternizar a figura do nosso pai e estamos muito felizes por isso”.
No final, elementos da associação Leões da Lapa evocaram com música e declamação de textos de José de Azevedo, que além da Póvoa sempre teve o Bairro Sul no coração.
José Peixoto
Fotos: Rui Sousa