O encerramento dos 50 anos de elevação da Póvoa de Varzim à categoria de Cidade, teve lugar pela primeira vez no Pavilhão Municipal, não só para distinguir um extenso número de empresas, associações e individualidades, como para permitir a presença de um maior número de poveiros na comemoração do Dia da Cidade, que contou também com o ilustre convidado, Primeiro-Ministro de Portugal.
A cerimónia deu o primeiro lamiré com o coro Capela Marta dirigido pelo maestro Tiago Pereira, a dar voz “às saudades do mar”. Seguiram-se os discursos.
Macedo Vieira que presidiu à Comissão para as comemorações dos 50 anos da elevação da Póvoa de Varzim a Cidade, foi responsável pela elaboração de um programa de forma a assinalar “a importância deste mérito, relembrando e notabilizando as principais qualidades diferenciadoras da nossa comunidade, para além da relevância dos seus membros mais notáveis no período 1973 e 2024”. E agradeceu a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram para que o resultado de “tudo o que foi proposto à comissão, fosse cumprido”, com sucesso.
Afonso Pinhão Ferreira, presidente da Assembleia Municipal da Póvoa, destacou acima de tudo o mérito de uma aposta ganha na cultural, na educação ou na área social. E socorrendo-se de um texto recente que escreveu sobre o conceito de cidadania e a sua importância na defesa da liberdade, “o maior princípio que indiscutivelmente traz felicidade ao ser humano. O ser humano vem ao mundo sem assunto, tão imaturo quanto puro. É um Ser por formatar que vai aprender para se programar, edifica-se numa comunidade que o acolheu, todavia numa sociedade que não escolheu”. E de todas as questões que daí advêm, “procura na utopia da igualdade uma via para a felicidade. O cidadão assimila da política uma imagem mítica de igualdade, uma imagem de imparcialidade que admitiu à desigualdade. E ao desenvolver um trajecto crítico envolve-se num projecto político, vira arquitecto da cidadania e constrói o alfabeto da democracia”. Reconhece no entanto, que “a Póvoa de Varzim está no bom caminho e merece continuar a vestir-se com a roupagem própria de uma urbe de luxo”.
As Exigências da Cidade na Presença do Governo da República
Aires Pereira, Presidente da Câmara Municipal, depois de agradecer a todos aqueles que responderam à chamada, “é que a cidade, sendo historicamente a maior construção do engenho humano, é por isso a mais autêntica expressão da alma e do carácter daqueles que a habitam. A nossa cidade é o nosso retrato – somos nós, nas nossas virtudes e defeitos. Foi isso que este ano com maior expressividade, quisemos simbolizar, com as 33 distinções que aqui fizemos, nas pessoas singulares e colectivas que, além do inquestionável mérito próprio, representam segmentos muito dinâmicos da nossa sociedade” e lembrou que “promovidos a cidade nos tempos finais do Estado Novo, tivemos a felicidade de fazer em democracia todo este percurso cinquentenário. E podemos, sem qualquer receio, afirmar que, mais que o novo estatuto, o que possibilitou a notável evolução que desde então concretizámos – nós, e os demais – foi a construção, a partir de 1976, do poder local democrático”.
Aproveitando a presença do Primeiro-ministro destacou quatro assuntos que não mereceram, “nos últimos anos, da parte da administração central, a atenção e a urgência que reclamam”. Aires Pereira acredita e disse estar certo que “V. Exa. e o seu Governo ficarão associados a decisões que os Poveiros reconhecerão”.
E passou a identificá-los: “O nó que os municípios da Póvoa de Varzim, Famalicão e Barcelos reclamam há anos virá suprir um grave erro de projecto da autoestrada n.º7, que nos 20 Km entre a Póvoa e Famalicão não tem qualquer acesso, condenando dezenas de milhares de viaturas a utilizar a velhinha nacional 206, que mais parece um arruamento urbano”. Explicando todo o processo já desenvolvido, mas que “ficou no gabinete do ex-Ministro das Infraestruturas, aguardando o despacho que a demissão do anterior governo inviabilizou”.
Em segundo lugar, lembrou que “a ampliação do Hospital da Póvoa, da U.L.S. Póvoa/Vila do Conde, foi objecto de um Protocolo celebrado em 2 de Agosto de 2019 (vai para 5 anos), que previa que nesse ano e no seguinte (2020) fossem realizadas, em edifícios cedidos pelo município ao Centro Hospitalar, obras de remodelação estimadas em 3,2 M€, que o município comparticiparia com 1,5 M€. Projecto e obras decorreriam sob responsabilidade do Centro Hospitalar, que, não obstante a sua imensa boa vontade (e até uma visita da Ministra), nunca conseguiu a descativação da verba inscrita no Programa de Investimentos da Área da Saúde”. A obra nunca foi a concurso e “é imprescindível para, como diz o Protocolo – aumentar a funcionalidade e eficiência dos serviços e da prestação de cuidados médicos à população”.
O Porto de Pesca “cuja importância para a economia da cidade não carece de demonstração, carece, sim, de condições operacionais que garantam a segurança das embarcações nos movimentos de entrada e saída. Refiro-me em concreto ao assoreamento da barra, que se vem agravando e que só é ultrapassável com dragagem regular, em cooperação com o Ministério do Ambiente”.
Por último, Aires Pereira referiu-se à concessão da Zona de Jogo que é, “desde há décadas, um importante instrumento de financiamento do desenvolvimento turístico do município da Póvoa de Varzim. Dinheiro que vem do jogo e do turismo, e ao turismo regressa através de investimentos estratégicos no sector, num círculo virtuoso que beneficia o município e a concessionária”.
Em resposta ao apelo lançado por Aires Pereira, o Primeiro-ministro prometeu que o Governo irá olhar para as quatro matérias e “não deixará de tomar uma decisão efectiva, e eu voltarei à Póvoa de Varzim quando estes assuntos estiverem resolvidos”.
Confessando-se honrado pelo convite para marcar presença nesta celebração, Luís Montenegro sublinhou a dedicação do autarca poveiro que, “com a sua visão de procura de um concelho que, em primeiro lugar, olhe para aquilo que é mais valioso: as pessoas e a comunidade”.
Notícia completa na edição em papel de 26 de Junho
Fotos: JCM/cmpv