Voz da Póvoa
 
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Conversar Abril no Salão Nobre dos Paços do Concelho

Conversar Abril no Salão Nobre dos Paços do Concelho

Local | 8 Maio 2024

 

Foi escolhida a noite das inquietações, o dia seguinte abriria as portas da liberdade que todos temos a obrigação de nunca as deixar fechar. Integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril promovidas pela Câmara Municipal, o Salão Nobre dos Paços do Concelho encheu para o debate “A relevância do 25 de Abril na evolução social”, que contou com as intervenções dos convidados José Carlos Vasconcelos, Isabel Ponce de Leão, Manuel Loff, Sofia de Melo Araújo e a moderação do jornalista João Gobern.

O fim da ditadura trouxe mudanças sociais políticas e culturais que abriram o caminho do desenvolvimento em todos os sectores da sociedade, no entanto continuam a existir falhas a corrigir para reduzir o fosso entre os mais pobres e os cada vez mais ricos. Ou seja, uma sociedade geradora de maiores equilíbrios.

Sendo a cultura o pilar central da liberdade, Isabel Ponce Leal, sublinha que “para além de determinadas distopias, a cultura é o pilar mais fraco da nossa democracia, seguindo-se a educação”, outro pilar da liberdade. Para a Professora Catedrática, até à revolução que pôs fim a 48 anos de autoritarismo “não éramos um povo com grande consciência política. A consciência política foi-se formando”. E até torturando nos calabouços da Pide. “Quando o Movimento das Forças Armadas semearam soldados pelas ruas com o objectivo de derrubar o regime instalado, “sabiam que tinham uma retaguarda civil muito forte, pois na clandestinidade, muitos foram actuando”, fazendo o caminho.

Uma guerra no ultramar que se arrastava, um aturado trabalho na clandestinidade e os movimentos juvenis actuantes nos anos 60, abanaram os alicerces do regime. Num olhar consciente sobre este passado, José Carlos Vasconcelos disse que gostaria, na actualidade, que houvesse, “um exercício de cidadania com maior participação das pessoas”. O jornalista e ex-deputado entende que nos dias que vivemos “cada um pode contribuir de muitas formas para transformar a sociedade a diferentes níveis e os partidos políticos devem apelar à consciência aguda dos cidadãos”.

A educação continua a precisar de atenção, mas para a Professora Adjunta Convidada da Escola Superior de Educação, Sofia de Melo Araújo, a Revolução trouxe mudanças históricas e de extrema importância para o ensino, afirmando que, “a lei é fundamental a garantir direitos. Temos uma educação ideológica para a qual a democracia não é o mesmo que uma ditadura. Há uma responsabilidade muito grande”. Para reforçar a celebração da liberdade, “precisamos de mais debates de portas abertas à diferença para discutir ideologias”, apelando à pedagogia do incómodo.

Não há democracias perfeitas, mas para Manuel Loff é legítimo que as pessoas entendam a democracia como guardiã dos seus direitos, e defende a verificação quotidiana dos mesmos, seja em matéria de educação, habitação ou saúde, entre tantos outros bens a usufruir. O Historiador considera que o 25 de Abril foi transformador no sentido em que se abriram as portas da participação social quando, até então, existia uma descrença profunda no povo português. Na realidade, promovida por um regime tirano e “orgulhosamente só”.

A noite de ‘luz’ continuou em frente aos Paços do Concelho, com um Concerto Coral – Pró-Música EMcanto, a interpretar peças de “Abril” sob a direcção Rui Silva.

No dia seguinte com a liberdade como pano de fundo, alunos do concelho ousaram “Colorir o 25 de Abril – A Educação e a Arte como forma de expressão livre” na Galeria dos Arcos da Câmara Municipal.

José Peixoto

Fotos: JCM/CM

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