“A Lancha de uma terra Poveira foi ao mar sem nada na algibeira, mas embalou-se como berço pela graça de Deus e regressou com o ‘pão’ das redes…” Às vezes, encontramos pela vida pessoas que nos tocam logo no coração. Só não digo quem porque é muito mais além de mim, uma alegre inquietação.
O propósito desta lembrança vem ao encontro de uma dupla iniciativa temperada pela directora da Biblioteca Municipal, Lurdes Adriano, que possibilitou o desgarrar das amarras da ‘Fé em Deus’ do cais e a fez regressar ao mar dos nossos avós, ao mar da colmeia piscatória poveira.
Como o sábado ofereceu-se cinzento e prisioneiro de um cerrado nevoeiro, a Lancha Poveira adiou as saídas para domingo, primeiro para levar um grupo de interessados do Clube de Leitura Livros de Marear, animado por Abel Coentrão na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, no qual “é explorada a riqueza cultural que a nossa relação com os oceanos tem, ao longo dos séculos, gerado. Procurar, na rota de livros desta e de outras culturas, novas palavras e expressões para ler o mar é uma outra forma de nos tornarmos pescadores”. Navegar juntos, alimentados pela leitura é uma forma de gerar comunidade. As duas companhas confraternizaram em ondas de conversa.
Na segunda, pelo mar até ao penedo da Forcada em frente a Aver-o-Mar, os Vereadores da Cultura e da Mobilidade e Transportes, Luís Diamantino e Luís Ramos respectivamente, acompanhados por um grupo de amantes das coisas marítimas, puderam olhar a Póvoa do Mar e conhecer histórias de marear contadas por elementos da tripulação, agora sobre as ordens do mestre Victor Castro que se misturou entre os demais, enquanto Carlos Flores seguia atento ao leme da Lancha Poveira do Alto, porque há no mar uma canção de espuma.
Por: José Peixoto
