Voz da Póvoa
 
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Cego do Maio vai Continuar a Salvar Vidas

Cego do Maio vai Continuar a Salvar Vidas

Local | 29 Abril 2022

A maior tragédia marítima da Póvoa de Varzim, ocorreu a 27 de Fevereiro de 1892 e resultou na perda de 105 pescadores, razão suficiente para que a 21 de Abril do mesmo ano fosse criado o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN). O seu 130º aniversário foi celebrado na Póvoa de Varzim com a entrega do novo salva-vidas que recebeu o nome de “Patrão Cego do Maio”, o maior herói poveiro. Construído no Arsenal do Alfeite, passou a ter como madrinha Júlia Silva Ribeiro.

A embarcação venceu a barra do porto de mar da Póvoa, passavam cinco minutos das três da tarde, ao som da guitarra de Carlos Costa e da voz de Aurelino Costa na evocação ao ‘poema das lanchas’ de António Nobre: “Clamam todas à uma: «Agora! agora! agora!” E foi recebida junto à Estação Salva-vidas pelo Secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira; Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Almirante Silva Ribeiro; Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo e pelo Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira.

Construído no Arsenal do Alfeite, a embarcação foi benzida pelo Capelão Fernandes da Costa, que a baptizou na presença da madrinha Júlia Silva Ribeiro. A cerimónia continuou com a atribuição de condecorações e discursos.

No seu discurso, o Almirante Gouveia e Melo destacou “a colaboração próxima e sempre presente das autoridades locais com a Autoridade Marítima Nacional e a Marinha. Esta colaboração institucional é fundamental para a segurança dos homens e mulheres que realizam, diariamente, actividades relacionadas com o mar”.
 
A cidade está intimamente ligada à génese do ISN, daí a importância do salva-vidas para uma comunidade sempre marcada pelas perdas, “são 130 anos de história e outros tantos a salvar vidas humanas”. O Almirante disse ainda que a embarcação homenageia um dos mais reconhecidos heróis de salvamento marítimo em Portugal, José Rodrigues Maio, um pescador poveiro”.

De seguida tomou a palavra o Secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, que reiterou a importância de reforçar os meios de salvamento marítimo garantindo mais segurança àqueles que ganham a vida no mar: “Levo hoje daqui o exemplo da dedicação e coragem dos que trabalham todos os dias e noites em prol da segurança”.

Por último, Aires Pereira lembrou o resgate do cruzador ‘S. Rafael’, a salvação dos náufragos do ‘Veronese’, na Praia Nova, em Matosinhos, em 1913 ou o resgate dos náufragos dos navios afundados por um submarino alemão, em 1917, “por isso, quem mais que o pescador poveiro é reconhecido como símbolo da ousadia, da abnegação e da solidariedade. E de entre todos os que se distinguiram em missões de socorro a embarcações em risco, ou a náufragos, quem mais que José Rodrigues Maio, o nosso ‘Cego do Maio’, simboliza essa epopeia dos humildes?”

O Presidente da Câmara deixou ainda um agradecimento à Marinha Portuguesa, pelo contributo e segurança que a nova embarcação salva-vidas, passará a dar aos homens do mar “Não posso deixar de lembrar que a existência de melhores condições de socorro, a quem arrisca a vida numa profissão essencial à nossa soberania alimentar, não iliba a administração portuária da obrigação de garantir as condições infraestruturais de segurança na abordagem ao nosso porto de pesca”.

No final, Aires Pereira agraciou com uma Camisola Poveira o Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique de Gouveia e Melo.

No decorrer da cerimónia, por diversos e destacados salvamentos marítimos foram atribuídas 10 condecorações, nove a militares, três de grau ouro, duas de grau prata e quatro de grau cobre. A título póstumo, foi atribuída uma medalha de filantropia e humanidade ao mestre José Festas, condecoração entregue à sua mulher.

Os presentes puderam ainda assistir a um simulacro de salvamento pela embarcação salva-vidas ‘Patrão Cego do Maio’.

Por: José Peixoto

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