A lagosta entre outros sabores da cozinha galega foi rainha da festa nos dias 5, 6 e 7 de Julho, na vizinha Galícia, em A Guarda, cidade geminada com a Póvoa de Varzim. A vila piscatória transformada em capital gastronómica das Rías Baixas recebeu por convite, a Lancha Poveira do Alto “Fé em Deus”.
Terminada a XXXII Festa da Lagosta, a emblemática embarcação tradicional permaneceu uma semana no portinho d’A Guarda, tantas vezes porto-de-abrigo das antigas companhas das lanchas poveiras arrastadas pelo vento e pelas tempestades. O passo seguinte era dado até ao monte de Santa Trega, e virar a telha na capela, pedindo o vento norte para regressar à Póvoa.
Entre outras embarcações tradicionais como a catraia “Santa Maria do Anjos” de Esposende, a “Fé em Deus” participou nos dias 12, 13 e 14 de Julho, na primeira edição da Rosegha, uma organização da Associação ‘O Piueiro’. A pretensão do evento passou por converter a preservação e promoção da cultura piscatória local numa festa com o lema ‘Unindo Pobos’ e tradições.
“A Rosegha é um artefacto utilizado para recuperar aparelhos de pesca perdidos no mar. Este dispositivo é empregado para enganchar e recuperar redes, nassas ou outros equipamentos que se encontram atracados no fundo marinho ou se perderam durante as fainas de pesca. É uma ferramenta importante para minimizar as perdas económicas e reduzir o impacto ambiental dos aparelhos abandonados no mar”, explicação dada pela Associação ‘O Piueiro’.
A organização preparou um amplo programa de actividades que visou celebrar o reconhecimento da herança das gentes do mar d’A Guarda: conferências, exposições, concertos e actividades infantis junto ao marco da Rosegha. Este espaço de encontro, aprendizagem e de celebração aspirou insistir na importância do património marítimo na identidade galega, garantindo a sua transmissão a futuras gerações.
A Lancha Poveira, como é habitual nestas visitas, respondeu a várias solicitações e navegou à vela pelo mar galego com algumas dezenas de pessoas a bordo, passeios para guardar na memória.
Foi agarrada ao vento norte, ao leme das mãos do mestre Agonia, que a “Fé em Deus” regressou, no dia 14 de Julho, com a sua tripulação.
Fotos: Tripulante João