Voz da Póvoa
 
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AproxiMAR a Sustentabilidade do Mar

AproxiMAR a Sustentabilidade do Mar

Local | 12 Abril 2025

 

O Mar deve ser estudado em Terra? Ou uma forma de AproxiMAR. O mote foi a pergunta, o objecto a sustentabilidade. O palco do Cine-Teatro Garrett acolheu no dia 31 de Março, a primeira edição das Jornadas do Mar, promovidas pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim no âmbito do projecto AproxiMAR, que visa potenciar o estudo, investigação, pesquisa e exploração do mar. A sessão abriu com a intervenção do Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, seguiu-se uma conversa moderada pela vereadora Andrea Silva com intervenções do Professor Doutor, José Lino Costa; o Almirante António Silva Ribeiro, e a Professora Doutora Isabel Sousa Pinto. Após o debate que incluiu questões do público, o Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, que fez questão de estar presente, elogiou a iniciativa. Por fim, foram entregues os diplomas aos 17 alunos do primeiro curso de Especialização em Estudos do Mar, Estratégia e Segurança Global, promovido pelo Município em parceria com a Universidade Católica e a Marinha. Foram também anunciadas as inscrições para novo curso, e a edição da segunda jornada que deverá ocorrer no dia 30 de Maio, sobre o tema ‘O Turismo Sustentável é Azul?’.

Aires Pereira agradeceu a disponibilidade dos docentes que leccionaram o primeiro curso. Quanto ao maior recurso natural do nosso concelho, “origem de grandes conquistas e proveitos e uma fonte inevitável de riscos e de perdas”, e lembrou que “a comunidade poveira está habituada a olhar para o mar com respeito e solenidade”, horizonte bravio de sal e medos, mas um recurso essencial da “economia local e do sustento de muitas famílias”.
Para isso é fundamental estabelecer “pontes entre os sectores ligados à inovação e desenvolvimento, tecnologia, ciência e inteligência artificial e os meios tradicionais de operar, navegar e pescar em alto mar”.

Mas, mar não é só pão, é também tragédia e pesar. Nesse sentido, o Presidente da Câmara disse ser necessário “unir os poveiros numa luz mais positiva e de esperança pelo futuro, com vista à criação de algo novo voltado para o mar”. Reafirmando a consolidação “do nosso concelho como uma verdadeira referência ao nível da tradição piscatória e da promoção de actividades turístico-marítimas no noroeste Peninsular”. Para alcançar este objectivo é preciso contar com “o apoio especializado e independente de profissionais, académicos, cientistas e economistas com profundo domínio das temáticas ligadas ao mar”.

A importância da conferência ‘O Mar deve ser estudado em Terra?’ foi justificada pelas intervenções dos convidados: José Lino Costa, investigador do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente; Isabel Sousa Pinto, professora universitária e integrante da direcção do CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, e o almirante António Silva Ribeiro, antigo Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas.
Para José Lino Costa, o estudo da vida marinha, os instrumentos tecnológicos podem “ajudar a fazer uma medição mais contínua”, acrescentando que “com esta monitorização à distância, nós conseguimos, de facto, perceber o que se está a passar e abre-nos outras perspectivas”.

Exemplos de estudo do mar em terra apresentou-os Isabel Sousa Pinto, mas reforçou que os ganhos só podem vir de uma articulação entre o trabalho da Marinha e dos pescadores, “agentes que nos possibilitam continuarmos a aumentar o nosso conhecimento sobre o mar”.

Não discordando dos estudos que podem ser feitos em terra, o almirante António Silva Ribeiro deixou a mensagem da sua experiência, “é no mar que têm de ser feitos os estudos, para que depois em terra possa haver reflexões e possam ser tiradas conclusões que permitam ao Homem explorar todo o potencial que o mar tem nas múltiplas vertentes que oferece”.

O Almirante defendeu a importância dos desafios do mar começarem por ser abordados desde o ensino básico, mas ressalvou que é necessário aos responsáveis “estruturar currículos, fortalecer a investigação e fomentar a cooperação internacional”.
No final da conferência, subiu ao palco o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, que elogiou a Câmara pelo projecto e iniciativa de “utilizar um recurso estratégico intimamente ligado à Póvoa de Varzim, juntando o saber técnico à investigação”.

Para o ministro, o mar “é tradição, modo de vida, legado entre gerações, economia, segurança, biodiversidade, riqueza, lazer, turismo e património” e assumiu a importância de replicar o trabalho aqui feito na Póvoa de Varzim pelas autarquias do resto do país”. Naturalmente marítimas.

José Manuel Fernandes foi agraciado pelo Presidente da Câmara com a oferta de uma Camisola Poveira, que vestiu em público.

Por: José Peixoto

Fotos: JCM/cm

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