Voz da Póvoa
 
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A Harmonia Entre o Estar e o Receber Poveiro

A Harmonia Entre o Estar e o Receber Poveiro

Local | 21 Abril 2021

Podemos conhecer apenas o lugar onde moramos, mas dificilmente nos é igual uma vida toda. Há sempre uma casa mais, outra que mudou de cor ou ainda uma recuperada a um passado moribundo, que se rejuvenesceu com outra serventia. Há novas ruas à espera de novos aglomerados habitacionais ou equipamentos e infraestruturas para servir as pessoas. Se quisermos ser mais objectivos, passamos a vida a construir a cidade.

Aires Henrique do Couto Pereira nasceu e cresceu poveiro, formou-se em Engenheiro Técnico e ingressou como funcionário da autarquia, em 1988. Um ano depois, entra na vereação e a partir de 1994 ascende a vice-presidente, cargo que ocupou em sucessivos mandatos, até ser eleito em 2013, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Com o segundo mandato a chegar ao fim é tempo de olhar no caminho do passado uma razão com futuro.
  
Atravessamos a Praça do Almada e, conversando, entramos no CAM – Centro de Atendimento Municipal: “A ideia desta construção foi em primeiro lugar ter um edifício útil aos poveiros, no relacionamento com a autarquia enquanto munícipes. Tínhamos vários atendimentos, desde a tesouraria na Câmara Municipal, a Loja do Ambiente num edifício alugado, e os antigos serviços onde praticamente se faziam todos os licenciamentos. Decidimos centralizar todos esses serviços neste edifício, que terá também uma Loja do Cidadão. Ou seja, qualquer poveiro que tiver que tratar de assuntos com a administração pública, pode fazê-lo neste edifício. Com esta construção, concretizamos um desejo antigo, criando uma nova entrada para quem chega e para quem parte, a partir do metropolitano, que nos coloca no centro do Porto ou no aeroporto e que nos permite esta mobilidade. É um óptimo cartão-de-visita e de saudade para quem sai. Às vezes lembramo-nos de um sítio onde estivemos por um edifício mais icónico que nos fica na memória. Essa ideia também esteve na origem da intervenção que aqui tivemos”, recorda o Presidente.
 
A fachada que na sua ‘rede’ agarra os símbolos poveiros, não deixa ninguém indiferente: “Entendemos, que este edifício deveria ter uma marca expressiva, nesse sentido o arquitecto desenvolveu uma fachada de alguma forma provocatória. Temos consciência que o edifício não é indiferente a quem passa, o mesmo acontece com a pala que nos liga à área metropolitana. Agora, as opiniões dividem-se nos gostos, mas as obras de referência de qualquer cidade, são tudo menos consensuais. Neste caso não se trata apenas de uma fachada arquitectónica, tem uma linguagem própria. Se as pessoas dedicarem um pouco do seu tempo a olhar para ela, vão identificar os símbolos da colmeia piscatória e da camisola poveira. Ter alguma educação estética também ajuda. Trata-se de uma obra contemporânea, que tal como outras, inquietam”.

E Aires Pereira aconselha uma reflexão mais contemplativa: “Hoje, somos muito rápidos a fazer avaliações, mas olhamos pouco com sentido contemplativo, para perceber o que é que está ali. É o resultado da massificação das redes sociais, o que é impressivo num segundo, no segundo seguinte já não lembramos o que lá estava. As obras têm o objectivo de habitar o tempo, portanto, obrigam alguma disciplina na sua observação. Não é passar o dedo num ecrã. Aquilo que temos vindo a fazer na organização do nosso espaço, é deixar marcas espalhadas pela cidade, para que as pessoas que nos visitam descubram porquê é que somos diferentes da cidade vizinha de Vila do Conde, de Esposende ou de Barcelos. É esta marca que nos distingue e que faz com que sejamos todos diferente e todos juntos somos Portugal”.
O Centro Coordenador de Transportes Alberga Outros Centros

“O Centro Coordenador de Transportes, que tem por base o anterior edifício, foi construído num plano de centrais de camionagem no final dos anos 80, que obedeciam a um projecto comum, mas não tinham em atenção as particularidades do lugar onde eram instaladas. Agora, tivemos a oportunidade de fazer a sua restruturação e reabilitação, decidimos dar-lhe uma marca própria, penso que bem conseguida pela equipa de arquitectos. Temos alguns edifícios bastante interessantes, na rotunda da Avenida 25 de Abril, por força da intervenção de privados e pensámos que também faria todo o sentido termos uma intervenção marcante na reabilitação daquele edifício. Como é perfeitamente visível, toda aquela zona nos últimos anos teve uma autêntica revolução. Com a abertura do arruamento que envolve o MAPADI, ou a criação do Centro de Lavagem automóvel e a construção do CAU Solidário, que tem como objectivo a sustentabilidade do MAPADI, mas também os investimentos nas escolas Flávio Gonçalves e Eça de Queirós, permite uma entrada na cidade bem mais cuidada e marcante para quem chega à Póvoa de Varzim”, reconhece o Presidente.

E acrescenta: “Com a aposta no Centro Coordenador de Transportes, que alberga o Centro Empresarial e o Centro Interpretativo da Camisola Poveira, vamos criar uma nova rede de mobilidade de transporte, no âmbito de um concurso que está praticamente concluído na área metropolitana do Porto. A desculpa que utilizamos para usar o nosso meio de transporte individual vai deixar de existir. Daí a importância do Centro de Transportes enquanto coração de quem chega e de quem parte, através dos meios rodoviários. Uma vez que esta rede foi estudada com o Município de Vila do Conde, faz todo o sentido os nossos concelhos entrecruzarem-se. Não tenho dúvida que será uma importante aposta na mobilidade, na sustentabilidade ou na redução de gazes com efeito de estufa, tudo isto faz parte de uma cidade integrada que estamos a construir. Se quisermos adicionar o novo parque de estacionamento no Antigo Quartel, que deverá estar pronto em Junho e vai disponibilizar 450 lugares no centro da cidade, mais os 250 lugares no parque da antiga cadeia, os 400 lugares na Avenida Mouzinho, e ainda o parque do Casino, penso que não há muitas cidades com este tipo de oferta. Tudo isto faz com que a nossa cidade seja apetecível”.

Não há estacionamento em qualquer lugar, porque a intenção passa por ordenar a cidade e facilitar a mobilidade do transeunte: “No Bairro da Matriz não tirámos estacionamento, impedimos que o fizessem em cima de passeios, das zonas pedonais. Queremos que a cidade seja mais segura para nos podermos deslocar e mais agradável de usar. Um mau estacionamento pode impedir uma cadeira de rodas ou um carrinho de bebé de passar e isso cria desconforto a quem usa a cidade. Depois, percebemos que a intervenção na rua das Hortas ou Santos Minho permitiu por parte dos privados, uma maior aposta na reabilitação urbana. A quantidade de projectos que nesta altura estão a ser licenciados e de edifícios que estão a ser recuperados, deve-se ao aumento da qualidade residencial no centro da cidade e é essa a aposta que queremos fazer”.
Para Aires Pereira é importante voltar a trazer as pessoas para dentro da cidade: “Isso vai traduzir-se em qualidade de vida para todos nós e oportunidade de negócio para o comércio de rua, fundamental para humanizar a cidade. Não podemos passar a vida a passear e a ir comprar ao hipermercado. A pandemia veio demonstrar esta necessidade de ter a mercearia próxima, o mercadinho da rua a funcionar, porque foi isso que permitiu estarmos mais próximos de tudo e sem confusões, como acontece nos grandes hipermercados”.

O Regresso à Velha Escola e as Intervenções no Parque Escolar

Nos últimos anos cresceu no executivo uma maior preocupação com os idosos, o que levou à recuperação e transformação de antigas escolas em Centros Ocupacionais: “Tem a ver com a necessária humanização da cidade. Temos feito algumas opções um pouco diferentes do habitual. Nunca aderimos à moda da construção de grandes centros escolares no exterior da cidade. Entendemos que faz sentido recuperar as escolas nos lugares onde elas estão, como a escola do Sininhos, a escola do Desterro ou a escola do Século, porque isto cria uma relação de apego das pessoas à cidade. É o avô que tem condições para ir levar o neto ou espera por ele quando sai da escola. É muito útil para as pessoas que trabalham na cidade e deixam lá ficar as crianças, se for fora é muito mais complicado. É esta humanização que traz vida à cidade. Daí, a reconversão das antigas escolas em Centros Ocupacionais. É um vivenciar de memórias para quem ali aprendeu as primeiras letras e regressa agora a um espaço completamente transformado. Os Centros Ocupacionais vieram dar essa valência às pessoas idosas e aposentadas, tantas vezes sozinhas, daí o gosto que têm em fazer parte daquela comunidade e participarem nas actividades, como a poesia, a dança ou a música. É esta a pretensão e a valência destes equipamentos. O CAM, ele próprio constitui um centro onde as pessoas se podem sentar, conversar”.

Para Aires Pereira o parque escolar tem sofrido modernidade e ganho condições desportivas, com a construção de pavilhões que vão servir não só a comunidade escolar como os clubes desportivos, mas a oposição diz que a aposta na educação é muito pouca: “Vou guardar as minhas opiniões para quando entrar em campanha eleitoral e discutir isso com os outros candidatos. Agora, tenho que reconhecer que há um grande problema de miopia. Temos em curso mais de 10 milhões de euros em construção e recuperação de escolas e pavilhões escolares, dizer que o município não aposta no parque escolar, parece-me cegueira. Concluímos recentemente as obras na Escola de Aver-o-Mar e na Escola Nova, mas estamos a fazer intervenções de fundo na escola Flávio Gonçalves, a construir um novo pavilhão na Eça de Queirós, a construção da Escola das Machuqueiras, em Laúndos, a construção e recuperação da Escola da Giesteira ou da Escola do Século, um esforço que temos que continuar a fazer. A intervenção no Parque Escolar não é motivo para me sentir menos realizador”.
 
O Presidente recorda o tempo em que frequentou o antigo Liceu Nacional da Póvoa de Varzim, agora Escola Eça de Queirós: “Na altura, o que mais gostaríamos de ter era um pavilhão onde pudéssemos praticar as nossas modalidades. Coube-me a mim executar um pavilhão de raiz para escola e para a comunidade. Felizmente, a Póvoa tem um tecido associativo muito importante na área do desporto e as instalações que temos nunca são suficientes. É mais um equipamento que vai ficar ao serviço da população para a prática desportiva, para além de passarmos a ter um espaço desportivo coberto para os alunos. O mesmo vai acontecer com o pavilhão da escola Flávio Gonçalves, que está a ser recuperado e aumentado”.

Outra aposta ganha para Aires Pereira foi a recuperação do Mercado Municipal: “Nunca desenraizamos o comércio no interior. Por isso, as pessoas fazem questão de ir todos os dias ao Mercado, onde há um serviço personalizado e de conversa amiga com a senhora do talho, a senhora do peixe ou da fruta, é um sentimento de comunidade. Ali, temos sempre quem nos sirva, quem nos conhece, de quem gostamos. Não é a mesma coisa que ir a um centro comercial ou um hipermercado, onde olhamos para uma prateleira e trazemos até ao caixa. A nossa aposta permite ter uma cidade mais equilibrada, onde as pessoas gostam de viver e onde temos assistido a uma procura de habitação por casais jovens, que se estão a fixar na Póvoa de Varzim. Esta grande procura no mercado imobiliário, também acontece pela facilidade com que nós nos colocamos no centro da área metropolitana, pela quantidade de serviços que a cidade tem, sem esquecer a vertente desportiva, cultural e recreativa. É uma cidade viva e convidativa. Basta ver a quantidade de pessoas que nos visitam, mesmo fora da época de verão, aí por excelência”.

Investir no Concelho Permite uma Comunidade Equilibrada 

Os investimentos na área do desporto chegaram às freguesias: “Neste mandato, fizemos aquilo que faltava das infraestruturas de base nas nossas freguesias. Ao nível desportivo, construímos o novo campo de Futebol de Balazar e de Rates e colocámos um relvado sintético em Aguçadoura entre outros investimentos. É importante que as freguesias para fixar populações, disponham de um conjunto de equipamentos para que as pessoas não precisem de se deslocar para a sede do concelho. Daí, este grande investimento que estamos a fazer nas infraestruturas culturais e desportivas das freguesias. Há duas semanas, apresentei o novo projecto da Escola de Música de Rates e de um museu que permita mostrar todo o património sacro que existe numa Vila enraizada ao Caminho de Santiago, por força da igreja de São Pedro de Rates, do albergue e de todas as condições que oferece ao visitante. Vamos dotar a Vila com estas valências e equipamentos através de um protocolo com a igreja de forma a podermos integrar a antiga residência paroquial neste projecto”.

Conhecer bem a realidade das freguesias e as suas necessidades, motivou a aposta, reconhece Aires Pereira: “Tenho estado naturalmente atento, mas também damos autonomia aos presidentes de Junta, disponibilizando verbas para que possam, eles próprios, fazer as obras nas freguesias, coisa que no passado não existia. Esta autonomia também tem criado maior capacidade de execução e por isso, há muita obra a decorrer nas freguesias. Na área desportiva há sempre coisas a fazer, mas tenho que reconhecer que a partir do final deste mandato e com o início das obras do Complexo Desportivo de Aver-o-Mar, que vão permitir também dar continuidade à recuperação da frente marítima da freguesia, por força do velho campo de futebol, creio que fica quase tudo realizado ao nível das infraestruturas mais pesadas. Naturalmente, haverá sempre pequenas intervenções a fazer e estamos aqui para isso. Iremos abrir no mês de Maio a nova Marina, um enorme investimento, mas também uma oportunidade para o turismo que nos visita. Esta infraestrutura trará muito movimento e um novo colorido àquela zona junto ao Casino, mas também uma nova oportunidade de fixação de novos negócios, através da reconversão dos antigos armazéns naquela zona. Mas, não temos só obras, também em conjunto com as Juntas de freguesia e as associações locais, temos dado muito apoio social, porque esta pandemia tem exigido essa atenção”.

Quando ouvimos falar num orçamento de 65 milhões estamos a falar de orçamento para o concelho: “Sem dúvida nenhuma. É um orçamento que contempla os grandes investimentos que temos em curso a que se juntam outros fundos que vamos captando, como fundos de Turismo, fundos da União Europeia, mas atende também uma diversidade muito grande de investimentos no concelho todo. Queremos uma comunidade equilibrada em qualquer sítio que more um poveiro. É esse esforço que continuamos a fazer. Prova disso, dentro de muito pouco tempo, terá início o novo Centro Cívico de Beiriz, com a construção de um novo edifício, de um novo Centro Ocupacional, que levará a freguesia de Beiriz a ter uma resposta muito interessante”.

Plano Estratégico Para Uma Década Procura Antecipar o Futuro

Plano Estratégico 2020-2030 é uma existência com futuro ou um futuro à procura de existência: “A matriz já existe. Agora, temos novos conceitos e novas preocupações, como a sustentabilidade, a redução dos gases com efeito de estufa ou da redução da nossa pegada energética. Os próprios fundos comunitários vêm muito dirigidos para esse tipo de projectos. Penso que de alguma forma, fomos pioneiros quando avançámos com o nosso Plano Estratégico, que define os grandes objectivos para a próxima década, no sentido de sabermos para onde queremos ir e aquilo que queremos fazer, canalizando nesse sentido os nossos recursos. Naturalmente, são sempre projectos sujeitos a adaptação ou melhoria, mas as grandes linhas estarão ali definidas. Essa reflexão que a Póvoa fez à volta do documento é muito importante para determinar aquilo que são as linhas, e até para os próprios privados perceberem onde vão ser investidos os dinheiros públicos e de alguma forma tirarem proveito desses investimentos. Daí termos aberto a discussão e sabermos o caminho que queremos trilhar para não desperdiçar recursos”.

Hesitar é ficar parado. Descansar a caminhada ou relaxar pode ser num banco inteligente, onde aproveita e carrega o telemóvel ou o Smartphone. Se o carro precisa de recarregar a bateria a cidade também lhe oferece lugares para esse efeito. Aires Pereira avisa que, “nos próximos anos vamos assistir a muitas coisas diferentes para tornar a nossa vida mais fácil, mais acessível e mais equilibrada, de forma a consumir cada vez menos recursos naturais. Temos um problema de desequilíbrio no planeta, estamos a consumir mais do que aquilo que o planeta nos pode dar e estamos a pôr em causa as gerações futuras. É este esforço que é preciso fazer, quando se fala em reciclar, reutilizar, reduzir, tem a ver com a economia circular. Nesse sentido, procuramos abandonar a economia linear, em que produzimos, consumimos e deitamos fora. Isso hoje não é possível, sob pena de hipotecarmos as gerações futuras. São tudo conceitos que nos vão aparecendo, o desenvolvimento das tecnologias, a chegada do 5G, tudo isto vai passar a ser muito mais digital. Resulta naturalmente, que todos estes equipamentos que estão ao nosso dispor, da sua integração e de que forma poderemos tirar partido deles para que não sejam só instrumentos lúdicos. Ou seja, gastar menos tempo com coisas que podem perfeitamente ser resolvidas através da tecnologia”.
 
E acrescenta: “A base de tudo isto está na pessoa, na humanização nas políticas, no equilíbrio da sociedade, na redução da pobreza e na criação de melhores condições de habitação. Um esforço que iremos apresentar já na próxima reunião, um novo plano para combater a precaridade da habitação. Quer seja os 150 fogos que pretendemos construir, quer seja a recuperação de casas que não têm condições de habitabilidade para as pessoas e que é uma grande aposta que o país está a fazer através da Bazuca ou de dinheiros da União Europeia, para tornar a vida de todos mais equilibrada e para que as pessoas não se sintam marginalizadas”.

A construção de habitação para jovens, uma rede de transportes públicos são os projectos mais próximos a concretizar: “Temos muitas frentes abertas e muitos projectos em curso. Esses são os que estão agora na calha como prioridade principal. A questão da mobilidade através do grande concurso que foi feito pela área metropolitana, está na fase de adjudicação e poderá ser activado antes do final do ano. Também os 150 fogos estão já em fase de projecto de execução. Lançaremos muito em breve o concurso para os projectos dos edifícios. Queremos construir um bocado de cidade, por isso não pretendemos entregar tudo ao mesmo gabinete, para que não tenha aquele carácter de bairro social, em que é tudo igual. Inclusive, teremos um equipamento desportivo para que outras pessoas possam aceder àquele espaço. Queremos uma comunidade aberta, onde cada um de nós se sinta bem a habitar naquele espaço”.

Um Projecto de Continuidade Com Uma Marca Diferente

Trabalhar na autarquia facilitou, mas para Aires Pereira ser Presidente é assumir um rumo: “Um dos grandes sucessos desta administração é termos sido capazes de honrar aquilo que foi feito no passado, da forma como foi executado e continuar com essa linha vertical. Tínhamos um projecto que vinha a ser construído nos últimos 20 anos, por Macedo Vieira, do qual eu fiz parte e sinto muito orgulho. Não há roturas, há um projecto de continuidade, naturalmente com uma marca diferente, que resulta daquilo que é a minha sensibilidade, daquilo que é a sensibilidade da vereação, da forma como olhamos para a cidade. Eu sou o resultado da aprendizagem que tive ao longo deste tempo e da minha própria personalidade. As pessoas são diferentes mesmo quando olham para um projecto que pretende ser igual. Nenhum presidente de Câmara é igual ao anterior ou àquele que nos vai suceder”.

A pandemia levou a autarquia a fazer investimentos internos, a modernizar as suas próprias instalações. O distanciamento social obrigou a uma comunicação mais tecnológica: “Fizemos um grande investimento, fundamentalmente na digitalização, reduzimos a utilização do papel, a circularidade dos documentos. O Centro de Atendimento Municipal está preparado para isso. Até ao final do ano, pretendemos relacionarmo-nos com o edifício só através da presença digital. No entanto, não esquecemos que temos uma percentagem muito grande da nossa população que tem dificuldades em lidar com as novas tecnologias. Às vezes, somos um pouco egoístas, quando achamos que tudo vai ser digital. Ainda bem que não é assim. Temos a necessidade de falar uns com os outros, de nos relacionarmos. Os portugueses são muito tácteis, gostam da proximidade e o digital torna as coisas impessoais. A transformação que operamos não se traduz em nenhuma redução da qualidade de serviço que prestamos”.

O Edil reconhece que a pandemia não facilita a festa: “Já todos percebemos a lentidão da vacinação e a necessidade de nos protegermos para poder continuar a desconfinar. Não tenho dúvidas que este ano não haverá essas concentrações de pessoas. Poderá haver pequenos concertos com cadeiras, espectáculos de dança, de música ou teatro no Cine-Teatro Garrett, mas as grandes aglomerações de pessoas como fazíamos com os Dias no Parque, com o S. Pedro, com o Póvoa em Festa, a Noite Branca, este ano estará completamente vedado, em nome da nossa saúde e para não voltarmos a ter que fechar outra vez a nossa comunidade. Dos acontecimentos que tínhamos, estou a pensar realizar a 16 de Junho, o Dia da Cidade, pela razão de um conjunto de homenagens que temos que fechar, em moldes diferentes, porque não haverá o habitual jantar com todas as associações, mas com os homenageados. É uma forma de cessarmos este mandato e darmos execução aos compromissos assumidos o ano passado”.

No balanço do mandato, Aires Pereira revela a maior frustração e a maior alegria: “Tenho uma mágoa muito grande com as escolas. Foi muito perturbador, embora a pandemia também tenha ajudado pela negativa. Mas, sem sombra de dúvida são as duas obras que mais mágoas deixam, porque gostava que tivessem sido executadas no tempo que estavam previstas. Enfim, não foi por causa da Câmara, nem por causa da fiscalização, porque os empreiteiros foram alterados e as obras nas Escolas de Aver-o-Mar (concluídas), e Flávio Gonçalves, tem um andamento completamente diferente. O lado positivo e que gostei de ver concretizado, foi o espírito de harmonia que consegui montar com a vereação, mesmo com os vereadores do Partido Socialista, quer o Dr. Miguel Fernandes, quer com o José Milhazes, que foram dois óptimos colaboradores, que nunca deixaram de transmitir a sua opinião, mas que tornaram mais fácil o trabalho do executivo, pela forma compreensiva e participativa com que nos ajudaram durante este mandato. De resto, apraz-me registar que somos o município que maior taxa de execução tem de fundos comunitários. Isso resulta da capacidade que temos de criar um sistema que consegue responder a todas as solicitações. Por isso, o poveiro pode esperar de mim o mesmo empenhamento de sempre, a mesma dedicação e uma pessoa que não é de água morna, ou é quente ou é fria, por isso, sabem com aquilo que contam. Isso distingue a forma de como estou à frente do executivo, com frontalidade e paixão por aquilo que faço todos os dias”.

Por: José Peixoto

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