
Ver é receber luz, com a idade é natural que a visão perca aos poucos o foco, por vezes de forma tão lenta que as letras primeiro tremem, depois ganham uma certa neblina e aí sim, apercebemo-nos que os nossos olhos precisam de ajuda.
Foi o que aconteceu com a professora Rosário que aos 59 anos se foi apercebendo da necessidade de usar óculos para ler ou escrever, e mais tarde para conduzir passando a ter uma dependência dos óculos, até para desempenhar a sua profissão. Com o passar do tempo começou a incomodar: “Cada vez mais precisava de óculos, como é evidente porque a idade ia avançando. Até que ouvi falar desta cirurgia, desta libertação dos óculos, por amigos e familiares que também já se tinham sujeitado à cirurgia, e pensei, vou ouvir a opinião do médico”.
Depois de vários exames, o diagnóstico do Dr. Manuel Domingues, coordenador de Oftalmologia do Hospital da Luz Póvoa de Varzim, não deixou qualquer dúvida: “O doutor disse-me – Tens aqui umas ‘cataratas madurinhas’ para serem tratadas. A minha mãe foi operada às cataratas aos 80 anos. Eu tinha na altura 59 anos, mas não havia dúvidas, tinha que ser e marcámos a cirurgia”.
Com apenas uma semana de intervalo, Rosário foi operada aos dois olhos: “Depois da operação ao primeiro olho, a sensação foi indescritível. Eu precisava de óculos para tudo, para enfiar uma agulha, ver televisão, ler legendas num cinema, e nessa altura já usava óculos para conduzir. Na manhã seguinte, o olho operado compensava o outro ainda por operar, e já conseguia enfiar uma agulha sem óculos. A cirurgia foi com anestesia local, conversámos o tempo todo, até se contaram anedotas, cada passo operatório foi explicado, estive sempre relaxada”.
Devemos sempre procurar melhorar a nossa qualidade de vida: “Ainda bem que tomei a decisão de vir a uma consulta, porque hoje faria exatamente a mesma coisa”. E revela os cuidados a ter no pós-operatório e os riscos que existem: “ Não pode cozinhar durante uns dias, nada de vapores, de movimentos bruscos, cabeça sempre direita e colocar as gotas durante o dia, tudo para evitar qualquer risco de infecção. Quando tenho amigas minhas que estão na fase que eu passei, tirar óculos, colocar óculos, eu digo, porque não és operada? Porque é que não te libertas disso?”.
Quando o nosso mundo visual começa a ficar nublado, segundo o Dr. Manuel Domingues, trata-se do estágio inicial da catarata que tecnicamente se chama Facosclerose: “Não é vapor de água no cristalino, mas é esta lente natural, que é o nosso cristalino, que tem uma estruturação de proteínas que fica algo adulterada. É como a nossa pele de bebê que vai perdendo moléculas e vai desestruturando a sua estrutura, vai ficando alterada e começamos a ganhar rugas, apesar de termos uma boa pele na mesma com a idade. Inexoravelmente, vamos opacificar esses cristalinos, essa lente natural que todos nós temos”.
Não se trata de tiro ao alvo, mas por volta dos 45 anos começamos a ter dificuldade em focar com rigor objectos, ou seja, presbiopia: “Todas as pessoas acabam por ter essa dificuldade. Ou é no telemóvel ou é no computador, a ler um livro ou o jornal, nas compras. Depois, quem tem a dificuldade de ver ao longe também. Temos aqui neste caso quatro factores para podermos intervir e corrigir. A partir dos 45, 48, 50 anos, todos nós começamos a destruturar essa pureza de cristal. Por isso, vem o nome cristalino”.
E acrescenta: “De facto esta cirurgia realizada à Rosário é das mais completas e definitivas, no sentido em que resolve quatro problemas num só. Não terá mais que ser operada às cataratas, como todos nós temos que ser um dia, não tem que usar os óculos no dia-a-dia para ver ao longe, para conduzir, ir às compras. Tem óculos de sol sem graduação, simples e fáceis de adaptar”.
O Centro de Oftalmologia do Hospital da Luz Póvoa de Varzim, coordenado pelo Dr. Manuel Domingues, é pioneiro no sector privado da saúde no Norte de Portugal a utilizar o Pentacam AXL Wave, um dos equipamentos mais avançados a nível mundial, para avaliação e planeamento de cirurgias refrativas e de catarata. Trata-se de um tomógrafo biómetro e aberrómetro de última geração, com capacidade para integrar num único exame uma análise completa e detalhada de córnea, cristalino e olho interno, permitindo aos médicos oftalmologistas maior precisão e segurança no diagnóstico e cuidados pós-operatórios personalizados.
O novo equipamento destina-se a cirurgia de catarata e também a cirurgia refrativa, ou seja, procedimentos cirúrgicos que usam lasers de alta precisão para corrigir erros de refração no olho – tais como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia – de forma a reduzir ou eliminar a necessidade de usar óculos ou lentes de contacto. “É a melhor tecnologia que existe, hoje, no mundo, mas a ciência continua sempre na persecução da verdade e de melhores tecnologias. É incontornável. Porque esta trifocalidade que temos, que é ver bem no computador, ver bem a bula de medicamentos, o mundo que está aos nossos 20, 50 metros, também podemos dizer, porque não supervisão. Quero ver a 300 metros. Temos upgrades de tecnologias que nos vão melhorando as soluções para cada um dos doentes porque os olhos não são todos iguais, e um tipo de lente funciona melhor neste paciente ou no outro. Portanto, são especificidades técnicas que traduzem, no fundo, que o problema é algo mais complexo, mas estamos a evoluir e a procurar a perfeição da visão”, explica o cirurgião.
Para Manuel Domingues, a maior parte das pessoas não tem ideia sequer do que é um olho: “Não percebem que entre o ver e o não ver está apenas meio milímetro que separa este mar que está lá dentro. Só essa ideia de termos meio milímetro a barrar o mar do ar, torna logo a pessoa vulnerável. Um dia vai criar ondas”. Daí os rastreios oftalmológicos regulares que o Hospital da Luz Póvoa de Varzim realiza gratuitamente: “Conseguimos ver a diabetes, as tensões arteriais, o olho é o único sítio do corpo onde vemos artérias. Depois, temos a possibilidade sem usar lasers, nada, apenas usamos a luz de LED ou as luzes simples para poder observar esse mar. A visão é o sentido que está a comunicar e a gastar mais de 70% dos neurônios do cérebro. Diria que toda a gente tem medo da bata branca, mas pensando no valor que tem a visão e pensando na importância e na facilidade de com um teste simples, para alguém que percebe o olhar lá para dentro, podemos para além do referido, diagnosticar precocemente doenças como o glaucoma, a segunda causa de cegueira irreversível no mundo”.
A cirurgia oftalmológica com Lasik Excimer: É um procedimento rápido, seguro e eficaz. Realiza-se sob anestesia local, tópica (gotas) e os pacientes não sentem dor durante a intervenção. Demora em média 5-10 minutos/olho, não requer internamento e os pacientes têm alta na hora seguinte à intervenção. Não provoca dor pós-operatória e na maioria dos casos é possível retomar o trabalho no dia seguinte após a cirurgia.
Texto: José Peixoto
Fotos: Rui Soisa