Voz da Póvoa
 
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Hospital da Luz cuida a Pessoa com Doença Oncológica

Hospital da Luz cuida a Pessoa com Doença Oncológica

Geral | 10 Abril 2025

 

O tratamento oncológico num Hospital privado é um cuidado humanizado e implica uma comunicação aberta e apoio contínuo por parte dos profissionais de saúde, onde a pessoa doente e sua família são tratados com respeito, dignidade e empatia. A rapidez no diagnóstico e no tratamento, a personalização dos cuidados e os baixos custos, especialmente para quem tem subsistemas de saúde ou seguros de saúde, são sem dúvida vantagens importantes.

Quisemos saber mais e fomos conversar com Matilde Salgado, médica oncologista no Hospital da Luz; Bruno Feiteira, enfermeiro especialista do serviço de Oncologia, e com Sara Fernandes, utente de 31 anos e natural da Póvoa de Varzim, que aos 29 anos lhe foi diagnosticado um cancro da mama.

Além da doença há a necessidade de conhecer o doente: “Quando estamos a propor um tratamento para o cancro temos que tratar a pessoa como um todo. Claro que isto tem imensos desafios. Em boa realidade temos aqui um bom exemplo disso. Apesar da Sara ter um poder de encaixe das toxicidades, realmente foi uma pessoa que teve muitos contratempos durante o tratamento e nunca desistiu”, sublinhou Matilde Salgado e acrescentou: “é muito importante para a pessoa saber que nos tem deste lado. Uma das grandes vantagens do sistema privado de saúde é ter um acompanhamento mais facilitado do que aquele que acontece nas instituições públicas”.

 Para Sara Fernandes, primeiro a descoberta da doença, depois encará-la: “Com 29 anos não estamos à espera de receber uma notícia que temos cancro da mama, nem sequer tinha pensado que isso poderia acontecer. Acho que foi a partir do momento em que conheci a Dr.ª Matilde que o medo dissipou-se um bocadinho. A partir do momento que temos uma médica à nossa frente, um enfermeiro que ouça as nossas preocupações e que nos ampare um bocadinho, acaba por tornar o processo mais fácil”. Confiar é fundamental, “sentirmo-nos acompanhados, sabermos os cuidados que devemos ter, que sintomas é que podemos sentir, esta preparação é importante para diminuirmos os nossos níveis de ansiedade”.

Matilde Salgado revela que não é habitual partir logo para o tratamento, “convém estabelecer uma relação de confiança com o doente como se estabelece em qualquer consulta. A oncologia parte muito da empatia que se cria com as pessoas e isso é universal não interessa quais as paredes que nos envolvem. Eu também trabalho numa instituição pública e a forma de trabalhar é idêntica, tenho é menos entraves aqui. São poucas as questões de saúde que não podem ser tratadas em instituições privadas”.

Segundo o enfermeiro, Bruno Feiteira, os doentes desta tipologia exigem uma intervenção multidisciplinar. Ou seja, “uma conjugação contínua entre as diferentes classe profissionais, neste caso, médico e enfermeiro que continuamente falam a cerca das pessoas que cuidam diariamente para que haja aqui uma troca de informação contínua e um aumento do conhecimento que temos da pessoa doente e dos familiares. É muito importante ficarmos a conhecer o que aquelas pessoas que estão à volta têm para dizer e aquilo que estão a sofrer, para nós sabermos o nível de intervenção que temos que ter”. E acrescenta: “a nossa capacidade de comunicação com a pessoa doente e com os familiares, a capacidade de interagir com eles continuamente, esse acompanhamento, essa disponibilização do contacto telefónico directo para o doente contactar a qualquer momento e dizer – eu tenho isto e aquilo – e nós respondermos automaticamente, quer eu quer a Dr.ª Matilde após discussão conjunta. Acho que é isso a verdadeira eficiência do cuidar em oncologia e não somente o tratamento da doença oncológica. A Sara é muito mais que um corpo, é a parte emocional, é a parte social que fica comprometida, é a parte espiritual, e nós temos que conceptualizar os cuidados que queremos prestar. A personalização dos cuidados que nós promovemos, aqui, às necessidades que a pessoa doente e a família apresentam é completamente distinta e conseguimos ser um ombro amigo continuamente, não só durante o horário laboral”.

Como evitar as idas ao serviço de urgência desnecessárias? “A mais-valia que destaco do nosso serviço é a disponibilização de um telefone de um profissional que os acompanha diariamente durante 24 horas. Foi uma iniciativa do serviço, não foi o hospital que nos obrigou quando isto surgiu. O doente recebe um cartão com o número dos profissionais que o acompanham, inclusive do médico. Esse cartão dá-lhes uma tranquilidade muito grande porque é uma extensão da campainha”.

Sara Fernandes aponta algumas razões para a sua escolha, “o facto de no público estarmos no meio de toda a gente e, aqui, no Hospital da Luz termos uma sala só para nós, até posso levar as minhas amigas e estamos ali a conversar e a tentar tornar o momento mais leve, acho que isso também influência. Acho que não é só o fármaco em si, mas também a forma como eu própria encaro a doença. O que eu fiz para encarar de uma forma positiva, foi um trabalho meu, algo de que me responsabilizei, mas depois todo o ambiente à nossa volta também vai influenciar”. Se não fosse assim “o mesmo fármaco, a mesma patologia curava toda a gente e não havia diferenças”. Ou seja, “tem que haver outros factores que influenciem o sucesso ou insucesso dos tratamentos”.

Matilde Salgado e a importância do acompanhamento ao longo dos anos, “as consultas de vigilância são fundamentais, ouvir aquilo que a pessoa tem para nos dizer. Claro que os exames também nos ajudam e são os mesmos quer no privado quer no público. Aqui estamos menos congestionados, podemos ser mais céleres e fazer mais consultas”. Quanto às perdas que também acontecem “cada má notícia que a gente dá é também um bocadinho de nós que desaparece porque é muito duro, nós envolvemo-nos e criamos empatia com as pessoas, passamos a fazer parte daquela família. Na verdade, ninguém falhou, foi a doença que venceu mais um bocadinho, mas é muito duro”. E acrescenta: “As lágrimas também nos acontecem, temos as equipas com as quais trabalhamos e que no fundo nos amparamos uns aos outros porque estamos todos no mesmo barco. Ficamos muito felizes com as vitórias, mas apesar de tudo, as derrotas nos marcam muito mais”.

Para Bruno Feiteira, “há um mito muito associado ao tratamento no privado que é o preço a pagar. Efectivamente, se for uma pessoa sem nenhuma convenção, sem ADSE, se não tiver seguro, se for a um particular, pode custar alguns milhares de euros o tratamento. Porém, gostava de ressalvar que um doente com ADSE ou seguros de saúde pode fazer uma medicação que custe 10 mil euros ou mais por mês a custo zero. Ou seja, exactamente ao mesmo preço que ficaria num hospital público. É um mito que está enraizado, que aqui é tudo muito mais caro, mas não corresponde bem à realidade porque o tratamento pode ficar tendencialmente gratuito tal como no sistema público”.

Quanto ao serviço prestado, “os médicos são os mesmos, os tratamentos são os mesmos, o que pode mudar é a postura perante o doente. Isso pode ser diferente de pessoa para pessoa porque todos somos diferentes, mas os médicos que estão no público estão no privado, seja oncologistas, cirurgiões, os médicos são os mesmos, os tratamentos são os mesmos, agora a facilidade de acesso é que é diferente”.

E conclui que para se viver em alegria: “claro que a cura é importante e é sempre o principal objectivo, mas o que nós pretendemos sempre, mais que acrescentar dias à vida é acrescentar vida aos dias dos nossos doentes e familiares”.

Por: José Peixoto

Fotos: Rui Sousa

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