Voz da Póvoa
 
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Fábrica Tapetes de Beiriz

Fábrica Tapetes de Beiriz

Geral | 22 Novembro 2019

Ponto a Ponto a Criar Histórias Com Amor Desde 1919

A história dos tapetes de Beiriz começou a ser escrita há mais de 100 anos, fruto da paixão de uma família por esta arte que atravessa o tempo.

Foi a 17 de Julho de 1919 que Hilda D’Almeida Brandão Rodrigues Miranda e o seu marido, Carlos Rodrigues Miranda, fundaram uma pequena oficina com apenas seis operárias. Assim nasceram os primeiros tapetes, com o mesmo nome da freguesia que os viu nascer na Póvoa de Varzim. A produção rapidamente cresceu e a fábrica passou a ser conhecida tanto no país como no estrangeiro, tendo sido atribuídas várias medalhas aos fundadores em exposições nacionais e internacionais.

Após a morte de Hilda Brandão, a fábrica ficou a cargo de familiares tendo, contudo, encerrado em 1974. Mas em 1989, após a pesquisa e recolha de material da antiga fábrica, Heidi Hannemann e o marido, José Ferreira, uma alemã e um português, empenharam-se em recuperar o legado dos tapetes de Beiriz.  Actualmente, sobre o nome ‘Fábrica Artesanal Tapetes de Beiriz’, os famosos e intemporais tapetes são produzidos nas proximidades da fábrica original, sob a responsabilidade e supervisão de Cátia Ferreira, filha de Heidi e José. Para além dos tapetes de nó de Beiriz, produzem-se também os tufados manuais e mecânicos que viajam para todos os cantos do mundo.

Para assinalar a secular história deste património da Póvoa de Varzim, foi realizada a exposição “Fábrica de Tapetes de Beiriz: 1919-2019” e o lançamento do livro homónimo, onda está registada a história da fábrica e dos seus vários intervenientes, a resiliência e a força criadora que sustentaram a criação, a preservação e a inovação de um produto a que desde logo se associam os conceitos de conforto e elevada qualidade.

A secular história dos Tapetes de Beiriz foi escrita, essencialmente, no feminino. Fundada por uma mulher, Hilda Brandão Miranda, a empresa começou a laborar em 1919 com seis camponesas-tecedeiras e dois pequenos teares, mas em 1934 tinha já 350 operárias e cerca de 60 teares. Esse facto foi destacado pelo presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, que sublinhou a importância e o contributo da fábrica para a “transformação social que existiu à época em Beiriz e nas freguesias limítrofes”.

O autarca lembrou que, nas décadas de 40 e 50 do século passado, “não havia em Portugal casa boa ou instituição de prestígio que não tivesse um Tapete de Beiriz”. O Palácio da Paz, em Haia, o Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa e do Porto, o Palácio de Belém e os teatros nacionais de S. Carlos e S. João são alguns dos locais que exibem exemplares deste artigo centenário.

Em 1974, fruto das vicissitudes do 25 de Abril, a fábrica foi encerrada, até ser resgatada em 1989 por Heidi Hannamann Ferreira. Mais uma vez, uma mulher ao leme da Fábrica Tapetes de Beiriz. Na altura recrutou antigas funcionárias e, aos poucos, voltou a impulsionar a produção dos famosos tapetes. Actualmente é Cátia Ferreira (a terceira mulher à frente do destino da fábrica) quem dá continuidade ao legado histórico.

Ainda no âmbito dos 100 anos da Fábrica Tapetes de Beiriz, uma delegação poveira, liderada por Aires Pereira, está hoje em Lisboa para proceder à entrega do novo tapete que vai substituir o existente na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém. “Trata-se de um tapete que foi oferecido à Presidência da República há bastantes anos, mas que por força da sua utilização está em mau estado. Quando o senhor Presidente da República esteve cá em Fevereiro, no Correntes d’Escritas, abordei-o no sentido de transmitir a intenção da Fábrica Tapetes de Beiriz e do Município da Póvoa de Varzim de proceder à sua substituição. O tapete é rigorosamente igual ao que lá está e o senhor Presidente da República faz questão de nos receber para procedermos à substituição do tapete que, para nós, poveiros, é um orgulho e um marco importante”, afirmou o autarca.

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