Voz da Póvoa
 
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A nossa cruz foi ficar a Páscoa em casa

A nossa cruz foi ficar a Páscoa em casa

Geral | 4 Abril 2021

De tanto insistir ficamos todos em casa e agora parece ninguém querer sair. Ainda há quem saia e até de calças, mas se a consciência tiver nome leva a máscara, mesmo que em família. Os Judas queimaram-nos, mas o vírus ficou, não sei por quanto tempo mais. Hoje há uma certeza, quem cumpriu foi quem fechou a porta. Aqueles que a têm assegurada aberta, mesmo em tempos de caos pandémico, nem os seus funcionários protegeram. O dinheiro vale mais que qualquer pelintra.
 
Na segunda-feira podem vender de tudo nas suas enormes superfícies, onde os metros quadrados se enchem de gente ingénua ou incapaz de perceber o que é uma distância de segurança, mesmo que a medida de dois metros seja repetida mil vezes pelas autoridades de saúde. Estes grupos económicos, que ninguém fiscaliza, têm sempre um lado caritativo (na compra deste produto, que nos aumenta os lucros, está a dar um euro a esta ou aquela instituição), mas são os maiores responsáveis pela disseminação da pandemia, que embora não escolha carteiras tem preferência pelos miseráveis e mais desprotegidos. Se têm dúvidas perguntem aos responsáveis hospitalares locais, onde estiveram e por onde passaram as pessoas que lhes entraram porta dentro infectadas pelo coronavírus.

Compramos ao postigo para que seja apenas o funcionário a mexer nos produtos que pretendemos, mas depois, pagamos em notas que viajaram pelas mãos de toda a gente até entrar na nossa carteira e voltar a sair. Alguém nos anda a atirar areia para os olhos e nós vamos coçando até que a visão regresse.

Cão pequeno nunca ferrou num grade, não por ser pequeno, mas por respeito. Um dia, de “saco cheio”, descobre que até o pode comer. Aí, não haverá outra razão que não seja a própria razão. É sempre bom não esquecer, que não nos podem querer dar aquilo que sempre foi nosso.

Pablo Rios Antão

 

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