“Tenho uma lágrima no canto do olho” só de imaginar a criança que levava o milho ao moinho e trazia a farinha para a broa de pão que a mãe levedava antes de ir ao forno. Daí, ter lembrado o verso da canção de Jorge Monteiro Bonga.
A freguesia de Navais viveu entre os dias 5 e 7 de Agosto, a memória de um tempo antigo, ao recriar no último dia um cortejo etnográfico que partiu do Largo da Igreja de Navais até aos moinhos de vento dos Junqueiras. Este foi o momento alto do programa que contou com a presença da Vereadora da Câmara Municipal, Lucinda Amorim, entre outros autarcas, e que arrancou com uma exposição dedicada a D. Daniel Junqueira, “bispo missionário em Angola”, com laços familiares aos proprietários dos moinhos, na sede da Junta de Freguesia da Estela. No dia seguinte, realizou-se uma tertúlia ‘Recordações & Vivências dos Moinhos’, na sede da União de Freguesias de Aguçadoura e Navais.
A recuperação dos moinhos de vento dos Junqueiras, adquiridos em 1906, mereceu uma limpeza ao pó do esquecimento e recuperar do passado o transporte do milho, carregado em burros, carroças ou por pessoas trajadas a rigor. Dos figurantes fizeram parte os componentes do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Aguçadoura, do Rancho Folclórico de Navais e de alguns grupos associativos da Estela.
Chegados ao lugar onde as velas agarram o vento, o padre Pedro benzeu os recuperados moinhos. Seguiu-se um momento teatral com o Grupo Cultural Recreativo Aguçadourense a interpretar a peça ‘Revolta da Morena’. O texto recorda a separação de Aguçadoura da freguesia de Navais em 1933. Os dias de festa numa aldeia alongam-se sempre com um pé de dança e vozes em canto acompanhadas por comes e bebes.
