Voz da Póvoa
 
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São Pedro de Rates a Orgulhar-se de ser Vila

São Pedro de Rates a Orgulhar-se de ser Vila

Freguesias | 4 Fevereiro 2024

 

Em constante mutação vivem os tempos que lentos correm, embora a gente crescida os sinta passar tão rápidos quanto a vontade de viver. Na realidade, quem acelera é a modernidade, quer tecnológica ou habitacional. Recuar meio século é encontrar um lugar, uma aldeia, uma vila, uma cidade quase tão iguais quanto nos contam os mais vividos avós. Creio que o meio-termo seria uma viagem perfeita entre a identidade e a memória. A Vila de São Pedro de Rates é o espelho disso mesmo, o cruzamento entre um passado longínquo ainda presente, e um futuro real e sonhado, liderado desde 2013 por Paulo João Lopes da Silva.

Numa análise mais profunda ao trabalho desenvolvido nestes dois mandatos e meio à frente dos destinos da Vila de São Pedro de Rates, “não podemos esquecer que temos apenas dez anos de trabalho, dois dos quais muito condicionados pela Pandemia. Ou seja, estamos a falar de 8 anos de trabalho efectivo, sendo que durante a pandemia houve outras exigências direccionadas para a saúde pública e com bons resultados. Mas, em termos daquilo que foi a nossa intervenção, para além de uma reorganização dos serviços administrativos da Junta, destacaria a instalação da rede de saneamento básico, uma obra fundamental para S. Pedro de Rates. A repavimentação e pavimentação de vários quilómetros da rede viária, a instalação da rede de água potável em muitos pontos da freguesia, onde faltava. Fizemos uma ampliação do cemitério. Por menos relevância que se dê, há cerca de 100 famílias que viram a sua vontade resolvida num processo limpo e que decorreu exemplarmente”. 

E acrescenta: “a Ecopista é outro equipamento excelente, muito utilizado pela população, seja a pé ou de bicicleta, e que embelezou a degradada linha férrea. Fizemos várias reparações do nosso património edificado, a sede da Junta, vários edifícios que compõem o Ecomuseu, a reparação da sede dos escuteiros, com muita dignidade e bem localizada. As obras que fizemos são bem visíveis assim como a sua mais-valia para Rates. Está também em curso um daqueles projectos que considero fundamentais para o futuro, desde que bem gerido e orientado, que é o Centro de Acção Climática junto ao nosso Parque Verde”.

Para Paulo João as instalações desportivas disponíveis não eram as melhores, mas tudo mudou: “Já ninguém se lembra ou poucos se lembrarão de como recebemos o ringue desportivo, com piso em betão. Hoje, é um dos melhores do concelho com relva sintética e boas instalações sanitárias. Hoje, dispomos de instalações de luxo no Campo de Futebol do Limarinho, um equipamento desportivo ao serviço dos atletas da Associação de Amizade de São Pedro de Rates, que tem sabido gerir o equipamento e toda a actividade desportiva da nossa terra”.

Em termos culturais o Presidente da Junta assume que deu continuidade a projectos válidos e incrementou outros que deram maior dinâmica cultural a São Pedro de Rates: “Mesmo sendo uma terra pequena sempre privilegiámos o aspecto cultural. Somos uma terra rural, mas aos poucos temos vindo a angariar público da freguesia e recebemos muitas visitas do exterior. Procuramos fazer uma forte dinamização no ecomuseu, incrementámos as visitas de escolas, dinamizámos o nosso núcleo museológico junto à igreja, com exposições temporárias, mas em permanência. Não temos praticamente um mês, ao longo destes anos, em que aquele espaço não tenha sido ocupado por uma exposição. Deixo aqui uma palavra ao meu grande amigo Dr. Paulo Sá Machado, um homem da cultura, que muito me tem auxiliado nesse aspecto”.

Para além do Museu Municipal da Póvoa de Varzim o Núcleo Museológico da Igreja Românica de S. Pedro de Rates guarda um espólio de rara importância: “Temos expostas várias esculturas em pedra valiosíssimas que foram retiradas ou encontradas na Igreja durante a obra de reconstrução. Mas, a dinâmica daquele espaço dependia muito de outros aspectos complementares, e as exposições programadas por Paulo Sá Machado vieram resolver essa lacuna. Em termos culturais acho que há uma questão muito interessante e que a nível externo é muito apreciada, que foi a colocação das placas na auto-estrada A 28, com a indicação da igreja património nacional”.

É no Território da Cultura que se Semeia o Futuro

“Os colóquios internacionais Caminhos de Santiago, não tenho dúvidas terá no futuro uma dimensão que a imaginação não conseguiu prever. Os livros de Actas são um património único que, já é e, será no futuro bastante consultado, porque tem estudos e intervenções muito interessantes, que serão, com certeza, objecto de estudo, análise e transmissão de conhecimento ao longo das próximas décadas”.

Este ano realiza-se o X Colóquio, mas a sua importância já ultrapassou as fronteiras: “O seu reconhecimento é uma realidade que nos orgulha. A Espanha tem vindo a marcar presença e a participar nos colóquios, com altos representantes dos Caminhos de Santiago. Temos tido também presenças e intervenções de representantes de França, Alemanha, Itália, República Checa, Japão e Brasil. Aliás, dos colóquios resultou uma geminação com a cidade galega Triacastela, que tem uma tradição dos Caminhos de Santiago, com quem estabelecemos alguns intercâmbios que irão fomentar mutuamente o rico património cultural jacobeu de ambos os territórios”.

O Município da Póvoa de Varzim, enquanto representante da Igreja Românica de S. Pedro de Rates, aderiu formalmente à Federação Europeia dos Sítios Cluniacenses, que tem vindo a preparar uma Candidatura Europeia a Património Mundial da UNESCO. O que representa esta candidatura para a Junta de Freguesia? “Tem a ver com o facto da igreja Românica de Rates ser o único exemplar com condições para integrar uma candidatura da Ordem de Cluny a património da humanidade. Tivemos, recentemente, a visita de uma delegação de França que falou disso e realçou a importância estratégica para a candidatura da igreja de São Pedro de Rates. Penso que a candidatura será apresentada este ano e brevemente teremos notícias. De qualquer forma, sejam elas positivas ou não, o facto deste reconhecimento e de a igreja integrar a candidatura de 113 monumentos e sítios cluniacenses na Europa, na sua maioria franceses, já por si, é um orgulho. Ainda ao nível cultural, demos sequência ao Ciclo de Música Sacra que acontece precisamente na Igreja monumento nacional, tal como fizemos com o Rates Billing - Encontro Anual Land Rover, para o qual vêm pessoas de todo o país e não só”.

Para Paulo João ‘Os Dias da Vila’ têm vindo a ganhar expressão junto das associações e da população, “para além de ser uma actividade de expressão cultural, é também um momento de convívio entre as instituições da terra. Realizámos também o Congresso Internacional Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil e natural de Rates. Queria, por último, destacar o trabalho que temos feito junto do Grupo ‘Cantares do Linho’ que para além de participarem cada vez mais em actividades da nossa terra, integraram uma candidatura do Canto de Mulheres a Património Imaterial da Humanidade. Nos oito anos reais de actividades, destaco o bom relacionamento que conseguimos ter com todas as instituições e a população em geral. Isso é o que mais me satisfaz neste trabalho que fomos fazendo ou longo dos anos”.

No Investimento a Necessidade é uma Prioridade

 Há um diálogo e uma afirmação da Junta para que a necessidade seja uma prioridade nos investimentos da autarquia? “Temos sempre tendência de pensar que a nossa terra é única, mas tenho a consciência que somos 12 freguesias e todas elas têm o mesmo direito de investir. Claro que tudo depende dos projectos que são apresentados, mas o que eu quero destacar é o excelente relacionamento que a Junta mantém com a Câmara Municipal, a excelente visão que, nomeadamente, o seu presidente tem relativamente à importância dos investimentos nas freguesias do concelho. Felizmente, temos tido a capacidade de apresentar projectos que são considerados prioritários, sustentados e sustentáveis. Temos tido um apoio incondicional da Câmara Municipal, que apesar de todas as dificuldades que todos conhecemos e que o país atravessa, tem canalizado as verbas para aquilo que são os projectos mais importantes para São Pedro de Rates”.

Há um museu de Arte Sacra que pode vir a caminho. Que projectos gostaria de ver concretizados até ao final deste último mandato? “Alguns fazem parte do meu programa eleitoral, mas sublinho que tenho muito orgulho naquilo que conseguimos concretizar nos últimos dez anos. O que não concretizamos foi por não ter sido possível fazer. Temos que ter consciência que os custos de construção dispararam imenso. No entanto, continuo na expectativa de nestes dois anos concretizar, ou pelo menos, dar início a projectos que eu considero absolutamente fundamentais, e que aliás têm a concordância da Câmara Municipal. O primeiro projecto, que resulta da sua degradação, é de facto a recuperação da igreja românica. É um trabalho que está a ser feito, muito pela insistência da Câmara Municipal junto das entidades competentes. O processo está a decorrer e há abertura para o investimento. Ainda este ano, espero, que pelo menos a cobertura seja substituída. Um outro projecto tem a ver com a Casa Museu na antiga residência paroquial e que precisa urgentemente de ser reparada e recuperada. Aí, pretendemos instalar um museu de Arte Sacra e a escola de música”.

E acrescenta: “Um outro projecto que estamos a avançar juntamente com a Fábrica da Igreja de Rates e a Câmara Municipal, é a instalação do novo albergue de peregrinos no centro histórico, junto à igreja. Quero sublinhar que este novo albergue não vai substituir o já existente. Um outro projecto absolutamente fundamental e que está na calha para avançar, já com acordos realizados com os privados relativamente à cedência de terrenos, é a circular poente ao Centro Histórico, que permitirá retirar do centro da Vila aquele trânsito parasita, que precisa passar, mas não pára, que não consome, que não utiliza, sobretudo o trânsito pesado. É uma obra prioritária já assumida pelo Presidente da Câmara. Iremos também continuar com o nosso trabalho de recuperação da rede viária. Acredito que a repavimentação da rua do Limarinho que dá acesso ao campo de futebol será uma realidade. Se possível, faremos crescer ainda mais a animação cultural da Vila, mantendo todas as iniciativas que temos vindo a realizar”.

Quanto à rede de transportes UNIR que abrange todo o concelho, para Paulo João será uma mais-valia para Rates: “Temos que perceber uma coisa. Quando a área metropolitana e, nomeadamente, a Câmara da Póvoa avançam com um projecto destes, a intenção é sempre melhorar. Se as coisas correm como pensado ou não, não depende só das câmaras municipais, depende muito da empresa e da capacidade de gestão e organização de todos estes circuitos. Temos que ter consciência que ao nível da Área Metropolitana são centenas. Naquilo que me apercebo, em São Pedro de Rates as coisas tem funcionado relativamente bem. Há pormenores que num processo destes têm que ser afinados e sei que todas as reclamações têm sido trabalhadas e corrigidas. Penso que a muito curto prazo, irá beneficiar muito a população, sendo certo que, tal como o Presidente da Câmara defende, isto irá passar muito por uma gestão mais profissionalizada, nomeadamente pela criação de uma empresa que faça a gestão de todos estes circuitos”.

Uma rede de transportes públicos eficaz é sempre uma vantagem para qualquer território: “hoje, temos inclinação para utilizar a viatura própria, mas penso que é uma tendência que está a inverter-se, os jovens de hoje têm uma consciência ambiental diferente, percebem as vantagens da rede pública de transportes, e só não a utilizavam mais porque os horários e os circuitos não serviam nem estavam adequados às necessidades. É isso que este novo serviço da UNIR tem que ter em atenção: melhores horários, autocarros mais pequenos para melhor circularem nas freguesias. A nossa espectativa é começar a ver pessoas a vir a Rates e usufruir das actividades culturais e desportivas que promovemos, o comércio irá ganhar com isso”.

O Futuro Não é um Dia só “Ninguém é insubstituível”

Paulo Sá Machado assumiu que entrou e sairá com o actual Presidente da Junta. Paulo João gostaria que ficasse, mas o futuro não é um dia só: “Ninguém é insubstituível. Eu também dei continuidade a projectos que vinham do anterior executivo da Junta, nomeadamente o Rates Billing e o Ciclo de Música Sacra. Claro que o trabalho ‘duro’ está feito, o Dr. Paulo Sá Machado juntamente com a Junta de Freguesia compôs esta ‘orquestra’ cultural e agora é só ter unhas para continuar a tocar. Efectivamente, ele disse que – vim pela mão do Paulo João e sairei com ele – não fico satisfeito se ele sair, espero que continue, mas se assim entender, o que tenho a fazer, é agradecer o trabalho gerado”.

Houve exposições únicas no concelho que aconteceram em Rates, pela mão de Paulo Sá Machado, mas Rates pode continuar a ser um pólo diferenciador no concelho? “O grande segredo de uma liderança é saber reunir-se dos melhores em cada uma das áreas. Nós não somos obrigados a saber de tudo, nem sabemos de tudo. Felizmente, tive ao longo destes dez anos quem me acompanhasse no executivo, elementos de grande qualidade, o senhor Celestino, antigo secretário nos dois primeiros mandatos, agora a Marta Silva e o senhor Gaspar Lage sempre como tesoureiro. O Dr. Paulo Sá Machado sempre foi o elo mais forte em termos culturais, um homem com reconhecimento internacional, nada melhor do que me socorrer dos seus conhecimentos para melhorar e até inovar em Rates. O nosso relacionamento resultou de uma amizade antiga, muito antes de eu ser Presidente da Junta. Estivemos na génese da criação da Confraria dos Sabores Poveiros. Só lhe tenho a agradecer tudo o que ele tem feito”.

O PSD vai ter grandes mudanças em termos de figuras a concorrer quer nas Juntas de Freguesia quer mesmo à Câmara Municipal. A obra feita será uma garantia na continuidade? “O partido a nível local tem grandes valores e não tenho dúvidas que serão encontradas as pessoas certas para substituir quem está em fim de mandato. As pessoas que estão à frente da Comissão Política saberão, naturalmente, conduzir o PSD rumo à vitória. No meu caso concreto, saio com a sensação de ter cumprido, ou pelo menos ter feito o melhor que pude e soube, ao longo destes 10 anos, mas acredito que Rates tem pessoas de grande valor e capazes de continuar o trabalho e, quem sabe, até fazer melhor do que eu fui capaz”.

O reconhecimento de instituições de Rates pela Câmara Municipal: “Tenho momentos ao longo destes dez anos que me deixaram muito orgulhoso, a atribuição das medalhas de Grau Ouro ao Centro Social Bem-Estar de Rates, e ao Rancho Folclórico de São Pedro de Rates. Um outro momento alto foi a ordenação, como Bispo, de Dom Roberto Mariz, um filho da terra. São momentos que me marcaram, assim como muitos outros, mas estes particularmente”.

Há um Paulo João profissional na Câmara Municipal, um outro Presidente da Junta de Freguesia de Rates. Quais são os outros compromissos do cidadão Paulo João? “Sobra pouco tempo, mas não vou dizer que sou um sobrecarregado. Tenho o meu trabalho onde cumpro o melhor que posso e sei, na Junta também. O outro Paulo João dedica-se fundamentalmente à família e aos amigos - gosto muito de ler, fazer uma ou outra viagem, umas férias bem passadas. Quanto ao futuro, o que irei fazer da vida – irei fazer da vida o que a vida me disser para fazer. Eu nunca sonhei ser presidente da Junta e sou”.

Por: José Peixoto

Fotos: Rui Sousa

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